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Aliado na vida real, Centrão fica esquecido nas redes sociais do clã Bolsonaro

Protagonista durante a gestão do governo Jair Bolsonaro (PL), o Centrão só foi citado 19 vezes em postagens em redes sociais pelo presidente e pelos seus três filhos políticos – Flávio, senador, Eduardo, deputado federal, e Carlos, vereador no Rio – nos últimos oito anos, segundo levantamento obtido no banco de dados Metamemo, que abrange publicações nas plataformas Facebook, Instagram e Twitter, entre outras.

As duas únicas menções de Bolsonaro foram registradas em junho de 2018, antes da campanha que o elegeu presidente – quando ele se apresentava como candidato antissistema e prometendo o fim do "toma lá, dá cá" no governo. "O Centrão, em nome do patriotismo e da ética, contra Jair Bolsonaro. Tudo não passa de desespero ante a possibilidade de serem apeados do poder", escreveu em um dos posts. Desde que assumiu o cargo, em 2019, foram nove citações, restritas apenas aos filhos.

Desde que o bloco – que já aderiu a seguidas gestões na Presidência, independentemente de posições ideológicas – entrou no atual governo, em 2020, a família mudou o discurso em público. A estratégia, por um lado, evita desgaste e, por outro, garante a governabilidade.

Para o cientista político Rafael Cortez, a ausência da discussão sobre o Centrão na campanha eleitoral envolve o fato de que tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto Bolsonaro entendem que é preciso do agrupamento político para governar. "A pauta também não foi explorada pelo PT porque isso é o que todo mundo faz. Os governos fazem coalizão partidária majoritária, o que inclui membros do Centrão", afirmou.

<b>DISCURSO.</b> Apesar de ter abandonado o termo em suas redes, Bolsonaro deu declarações públicas contraditórias sobre os aliados após atacá-los. Disse que era "do Centrão" ao justificar o convite para ao senador Ciro Nogueira (Progressistas) assumir a Casa Civil, em julho de 2021.

Os filhos também mudaram o discurso e passaram a argumentar que o relacionamento do pai com o bloco de partidos é diferente do de governos anteriores. "Sem mensalão nem petrolão. O que mudou na relação Congresso-presidente com a chegada de Bolsonaro? Próprios líderes do Centrão dão seu testemunho", publicou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), em abril deste ano. O conteúdo é acompanhado de um vídeo em que Roberto Jefferson (PTB) – aliado de Bolsonaro que recentemente foi preso em flagrante depois de atirar com um fuzil e jogar granadas em agentes da Polícia Federal – relata que o PT abria a possibilidade de desvios por corrupção em estatais, diferentemente do atual presidente.

A contradição se estende a nomes de aliados, como Ciro Nogueira. Em março de 2015, Eduardo Bolsonaro divulgou manchete do jornal <i>O Globo</i> sobre a abertura de um inquérito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar o parlamentar. "Ciro Nogueira é o senador presidente do PP, aquele que, mesmo antes da convenção de seu partido, gritava aos quatro cantos que Jair Bolsonaro não seria candidato a presidente em 2014, pois o PP apoiaria Dilma. Interpelado por Bolsonaro os motivos para tanto, a pergunta ficou sem resposta…", insinuou o deputado na ocasião. "Ciro Nogueira arranca a máscara do governador do Piauí (Wellington Dias), do PT. Tentou se apropriar da obra de Bolsonaro e se deu mal!", festejou o senador Flávio Bolsonaro (PL), em publicação de março deste ano.

O primeiro movimento em favor do Centrão ocorreu com a reforma da Previdência, ainda no primeiro semestre de 2019. Em junho de 2020, Fábio Faria (Progressistas), na época filiado ao PSD, foi o primeiro político do grupo a assumir um ministério – seguido de nomes como Gilson Machado (PL), João Roma (PL), Flávia Arruda (PL) e Marcos Montes (PSD), além de Nogueira.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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