A pouco menos de dois meses para o governador João Doria (PSDB) passar o cargo para seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), aliados do pré-candidato tucano à Presidência agem para que a campanha de ambos seja "casada" em São Paulo. Enquanto Doria encontra dificuldades para atrair apoios partidários, enfrenta uma dissidência aberta no próprio partido e tem um alto índice de rejeição no Estado, Garcia, que vai disputar o Palácio dos Bandeirantes, está em uma situação confortável. O vice já fechou um amplo arco de alianças, inclusive com partidos da base do presidente Jair Bolsonaro, e tem o PSDB unificado em torno do seu nome.
O primeiro movimento do grupo de Doria para garantir que vai haver sinergia com Garcia foi criar um grupo de trabalho unificado de marketing e programa de governo com integrantes das duas pré-campanhas. O colegiado já se reúne uma vez por semana, e a ideia é manter essa rotina depois do início de abril, quando vence o prazo da Justiça Eleitoral para a desincompatibilização dos cargos de quem será candidato nas eleições deste ano.
O entorno de Doria também espera que Garcia mantenha no cargo seu secretário particular, Wilson Pedroso, que seria o responsável por fazer a ponte entre os dois grupos. "Vamos fazer uma campanha com sinergia entre os dois. Os times estão integrados", disse Marco Vinholi, presidente do PSDB paulista e secretário estadual de Desenvolvimento Regional. O próprio Vinholi, porém, deixará o governo quando Doria começar a se dedicar exclusivamente à campanha presidencial.
<b>Diferentes</b>
Apesar do movimento para integrar as duas campanhas, pessoas próximas a Garcia dizem que as necessidades e urgências dos dois pré-candidatos são diferentes. A avaliação é a de que a rejeição a Doria é pessoal, e não do seu governo. Segundo relatos, o próprio governador teria admitido isso em uma das reuniões conjuntas.
Pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada em dezembro passado, mostra que a gestão de Doria é rejeitada por 38% dos entrevistados no Estado, aprovada por 24% e considerada "regular" por 37%. Esses números servem de munição para seus adversários internos, que se movimentam para desidratar a candidatura do governador paulista.
<b>Reunião</b>
Na terça-feira, 8, parte da ala tucana contrária à candidatura própria ao Palácio do Planalto se reuniu em Brasília, na casa do ex-ministro Pimenta da Veiga. Este grupo defende a desistência de Doria, com a avaliação de que o paulista ainda não conseguiu se mostrar um candidato competitivo e dificilmente vai se impor como nome da terceira via capaz de romper a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Uma das alternativas estudadas pelo grupo é viabilizar a candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que perdeu as prévias para Doria, por outro partido. Ele foi convidado pelo PSD, de Gilberto Kassab, mas não decidiu se vai trocar de legenda. "Se (Doria) não consegue mostrar tendência de melhora no mandato, pode ser ainda mais difícil depois", disse Leite em entrevista recente ao <b>Estadão</b>. Doria, por sua vez, chamou o encontro dos dissidentes de "jantar dos derrotados". "Não me parece que cinco pessoas sentadas num jantar possam representar o PSDB", disse.
Em conversas reservadas, tucanos lembram que, em 2018, o próprio Doria ignorou Geraldo Alckmin, então candidato à Presidência, em sua campanha para governador. Agora, corre o sério risco de enfrentar problema similar. E rivais de Garcia já agem para "colar" a rejeição do atual governador no seu vice.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>