Internacional

Aliança de Abe conquista vitória em eleições no Japão, dizem redes de TV

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, obteve um novo mandato após as eleições nacionais neste domingo, um resultado que deve ajudá-lo nos esforços para realizar as primeiras mudanças na constituição do país desde que ela foi introduzida, em 1947. A aliança liderada pelo Partido Liberal Democrata (PLD), de Abe, manteve uma maioria de dois terços da Câmara Baixa, de acordo com projeções divulgadas por redes de TV. Os resultados oficiais finais devem ser conhecidos na segunda-feira. Segundo números não oficiais divulgados pela rede de televisão NHK, a aliança liderada pelo PLD obteve 312 dos 465 assentos da Câmara Baixa.

Após uma queda acentuada nos índices de aprovação, em meio a alegações de que teria favorecido amigos, o primeiro-ministro aproveitou o desarranjo da oposição e uma melhora no apoio ao seu governo para convocar eleições, mais de um ano antes do prazo legal.

Durante os 12 dias de campanha, Abe tentou mostrar a eleição como um referendo sobre sua condução da economia e sobre como estava lidando com a ameaça da Coreia do Norte. A economia japonesa vem crescendo há um ano e meio, o período mais longo de expansão contínua em mais de uma década, e Abe vem adotando uma postura parecida com a do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação à Coreia do Norte.

Com a vitória, Abe, de 63 anos, pode se tornar o primeiro-ministro japonês há mais tempo no cargo, uma distinção que vai obter caso permaneça no posto até novembro de 2019. Após a divulgação dos resultados, ele indicou que vai ampliar seus esforços para revisar a constituição do país, um de seus objetivos desde que se tornou primeiro-ministro pela primeira vez, em 2006. “Precisamos conquistar a compreensão do público”, disse Abe em entrevista televisionada.

Em maio deste ano, no 70º aniversário da constituição imposta por forças de ocupação norte-americanas, Abe disse que o aumento das ameaças de segurança, uma sociedade envelhecida e a necessidade de renovação econômica eram alguns dos motivos pelos quais legisladores deveriam discutir possíveis mudanças na constituição. Ele estabeleceu como meta para a revisão o ano de 2020.

Para alterar a constituição, dois terços dos legisladores devem votar a favor das mudanças propostas. Depois disso, elas devem ter apoio da maioria dos eleitores em um referendo nacional. Em 2012, o Partido Liberal Democrata propôs mudanças na constituição, mas a proposta foi logo abandonada em meio à oposição política. A aprovação parlamentar de uma nova proposta deve ser facilitada por um novo partido de oposição de centro-direita liderado pelo governador de Tóquio, Yuriko Koike, e que também apoia a ideia. “Estamos chegando num ponto em que podemos ter uma discussão sólida” sobre mudanças na constituição, disse Koike em entrevista televisionada após a eleição.

O foco principal do primeiro-ministro é o Artigo 9 da constituição, que diz que o Japão não terá forças armadas para garantir que nunca empreenderá guerra. O país voltou a ter forças armadas nos anos 1950s, mas com caráter puramente defensivo e para ajuda em caso de desastres naturais, e com o nome de Força de Autodefesa.

Abe e seu partido argumentam que a definição na constituição pode criar uma crise nacional caso a Força de Autodefesa seja vista como inconstitucional durante um conflito. Seus oponentes dizem que todos os governos anteriores aceitaram que a constituição permite forças armadas com caráter defensivo e que Abe está levando o Japão por um caminho que pode envolver o país em guerras de outros países. Países vizinhos também criticaram a ideia. A China, que foi ocupada pelo Japão no começo do século 20, diz que Tóquio está tentando voltar ao militarismo.

Abe diz que o Japão deve desempenhar um papel maior no cenário internacional, com a participação de seus militares em missões de paz da Organização das Nações Unidas e no apoio a países aliados. Os governos dos presidentes Barack Obama e Donald Trump já expressaram que gostariam de ver o Japão desempenhando um papel militar mais amplo em sua aliança com os EUA. Fonte: Dow Jones Newswires.

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