Economia

Alimentos disparam e trazem alerta para IPCA em julho, avalia Picchetti

A forte aceleração do grupo Alimentação no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da primeira leitura de julho traz alerta para a inflação oficial fechada deste mês. A avaliação é do coordenador do IPC-S, da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti. Segundo ele, apesar do alívio no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, para 0,35% (ante 0,78% em maio), o avanço dos alimentos no IPC-S da primeira medição deste mês atingirá o dado. “Deve captar essa aceleração”, estimou.

Na primeira quadrissemana de julho – últimos 30 dias terminados na quinta-feira, 7, -, o grupo Alimentação teve alta de 0,82%, após 0,07% no fechamento de junho. Segundo Picchetti, a aceleração superou o efeito da descompressão de tarifas de utilidade publica, como energia elétrica e água e esgoto. “Esse alívio já era esperado. Agora, temos de observar a evolução dos preços dos alimentos”, disse.

Além de já estar sendo influenciado pelo encarecimento de itens como feijão e leite, o economista ressalta que o tomate, que tinha caído 5,00% no fim de maio, teve alta de 3,71% na primeira leitura de julho. O exemplo mais “dramático”, disse, é o feijão carioca, que subiu 47,37% no período, enquanto o leite longa vida teve variação de 13,09%. “A julgar pelo comportamento do ponta (pesquisas recentes), feijão, leite e tomate vão continuar pressionando nas próximas semanas”, adiantou.

Na outra ponta, a queda na tarifa de energia elétrica de São Paulo neste mês pode inibir um pouco a expectativa de alta dos alimentos sobre o IPC-S. “É a principal força de contrapeso para os aumentos de alimentos. Porém, por enquanto, numericamente não está se igualando ao alívio esperado em energia”, afirmou. Por enquanto, Picchetti mantém a projeção de 0,30% para o IPC-S fechado de julho. “Não vou alterar por enquanto, mas a previsão ganhou viés de alta”, completou.

Safra

De acordo com o economista, a oferta de alguns produtos pode continuar prejudicada no médio prazo, já que as perspectivas para safra não são das melhores. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de junho estima uma safra de 191,8 milhões de toneladas em 2016. A estimativa representa um recuo de 8,4% em relação à produção de 2015, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Traz uma sinalização desfavorável não só de curto prazo, mas de médio também. Pode ser que atrapalhe a perspectiva de desaceleração da inflação este ano”, disse.

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