Banana-da-terra, batata-doce, granola caseira e água foram os ingredientes que causaram um debate que mobilizou as redes sociais, pais e nutricionistas nos últimos dias. Tudo começou com a foto da lancheira da filha da chef de cozinha Bela Gil, que também apresenta o programa Bela Cozinha, na GNT. Logo, centenas de críticas e mensagens de apoio à opção saudável de refeição começaram a estourar na internet.
Bela rebateu as críticas com um texto publicado em seu site. “Eu acredito que podemos mudar o mundo por meio da alimentação e são esses valores que quero passar para a minha filha no dia a dia”, escreveu.
A lancheira do filho de 4 anos da gerente de vendas Luana Petriccione, de 32, já teve bolinhos industrializados. Mas, atualmente, transporta frutas, bolos caseiros e biscoito sem recheio. “No começo, eu mandava lanches mais práticos, mas a escola mandou um comunicado com o apoio nutricional. Agora, ele leva torrada, bolacha de água e sal. E, cada dia, uma fruta.”
Luana diz que também tem a sua lancheira e costuma prepará-la na frente do filho Jorge Henrique. “Coloco para mim e para o meu filho. Ele gosta de preparar a lancheira e não me pede salgadinhos, ele quer coisas saudáveis.”
A gerente de vendas afirma que, apesar da alimentação regrada, não é adepta de posturas radicais. “Não precisa ser tão metódico. O Jorge se alimenta bem, mas, uma vez ou outra, sai da rotina. Eu vejo o lanche como uma forma de interagir com os amigos que tem de ser divertida”, diz.
A nutricionista Roseli Ueno Ninomiya afirma que a construção de uma lancheira saudável passa por um processo de educação alimentar que deve fazer parte de todas as refeições. “Não adianta querer que o filho tenha uma alimentação saudável, se ele tem uma alimentação ruim em casa. Também não adianta incluir os alimentos uma vez ou outra. Os pais têm de se organizar, criar um cardápio para a semana e saber o que vai comprar quando for ao mercado”, diz.
Roseli recomenda ainda que, durante o preparo, os pais tenham cuidado com a conservação dos alimentos e com a higienização das lancheiras para evitar que o lanche estrague ou seja contaminado por impurezas.
Tempo
A rotina corrida faz com que a secretária Elaine Lopes, de 37 anos, procure as prateleiras com os produtos mais práticos quando ela vai comprar os lanches da filha Lívia Soares, de 11. “Não abro mão dos produtos industrializados, porque é mais fácil. Tenho um trabalho que toma muito o meu tempo.” A montagem da lancheira, algumas vezes, é feita pela garota, que não toma refrigerante nem come embutidos por opção.
“A gente conversa sobre alimentação, estou trabalhando para que ela aprenda a fazer escolhas. Toda mãe que eu conheço adoraria oferecer o melhor na alimentação para seus filhos, mas nem sempre é possível. Isso não é barato nem de fácil acesso”, afirma.
Embora os lanches em caixas e pacotes estejam liberados, as demais refeições têm cuidados especiais. “Em casa, preparamos tudo sem muito tempero ou óleo. Damos preferência a alimentos frescos, assados ou cozidos. Sempre dou frutas e sucos naturais. É mais complicado na hora do lanche por falta de tempo.”
Camila Leonel, nutricionista especializada em adolescentes, afirma que uma forma de estimular os filhos a aceitar alimentos naturais é levá-los ao supermercado ou à feira. “Apresente diferentes frutas, de várias cores e formatos, e compre não apenas as que você gosta, mas as que despertam o interesse do filho. Assim, a criança entra em contato com produtos variados e tem a curiosidade de prová-los.”
A nutricionista também recomenda que os pais sejam criativos na hora de preparar o lanche. “Sirva os alimentos de forma diferente: use cortadores de biscoito para cortar sanduíches de pão de forma em formatos divertidos. Coloque cereais matinais, de preferência sem açúcar, para que o pequeno pegue como salgadinho. Ele vai se divertir e comer tudo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.