A presença do prefeito Sebastião Almeida (PT) durante a audiência pública promovida pela Dersa, na noite dsta quarta-feira, para discutir a implantação do trecho Norte do Rodoanel surpreendeu os presentes não apenas pelo fato de ele estar em férias, oficialmente até o próximo dia 24, mas pelo discurso adotado e as duras críticas à obra. Concebido como parte de um complexo viário, o trecho Norte, o último a ser construído, tem como principal objetivo desafogar o trânsito em rodovias de tráfego intenso e proporcionar maior mobilidade e redução de tempo para quem precisa diariamente cruzar a Grande São Paulo.
Após a apresentação do traçado e dos impactos ambientais que a obra trará à cidade, reconhecidos e justificados pela coordenadora do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) Rima, Ana Iverson, o prefeito apresentou ao secretário executivo do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), Germano Seara Filho, uma lista de propostas de alteração ao projeto e detalhou publicamente alguns itens de forma irônica, incitando manifestações negativas de uma claque montada, organizada para atacar a proposta.
O prefeito contestou o fato de a cidade, que receberá 55% da extensão total do trecho Norte – o equivalente a 22 km de extensão dos 42,8 km previstos – ser contemplada com apenas 2 km de tuneis, enquanto a cidade de São Paulo, que abrigará 24 km de extensão do trecho contará com 14 km de tuneis. "Como pode isso?", indignou-se Almeida. "Não estou aqui para falar contra o Rodoanel, mas a favor da cidade", acrescentou.
Almeida criticou ainda o impacto em alguns bairros e propôs que o traçado definido pela Dersa, ao Sul do Parque da Cantareira, não passe por cima de ocupações em bairros como Jardim dos Cardosos, Siqueira Bueno e Vila União. De acordo com o secretário Municipal de Meio Ambiente, Alexandre Kise, as ocupações são possíveis de regularização.
De forma irônica, ele contestou também o acesso do Rodoanel à cidade, por meio do Aeroporto Internacional de Cumbica. "Isso é uma brincadeira. Esse acesso deveria levar em consideração as necessidades da população e das empresas instaladas, que não podem pegar a Rodovia Hélio Schmidt e descer no terminal de cargas para entrar na cidade", disse Almeida.
Inflamados pelo discurso do prefeito, representantes de movimentos sociais, de entidades em defesa do meio ambiente e moradores de bairros que serão afetados pela construção do Rodoanel criticaram de forma veemente a obra, em alguns casos saindo do foco da discussão, reivindicando hospitais e metrô, por exemplo.