Não é novidade para ninguém que Guarulhos viveu quase duas décadas de atraso entre o final dos anos 1990 até 2016, quando teve à frente da administração municipal três prefeitos de esquerda, sendo dois do PT (Elói Pietá de 2001 a 2008 e Sebastião Almeida de 2009 a 2016) e um do PV (Jovino Cândido entre 1998 e 2000), que assumiu o cargo com o afastamento de Néfi Tales, do PDT. Em nome de um projeto de poder contra Guti, prefeito de direita, Pietá, Almeida e Jovino se unem para tentar voltar à administração nas eleições de 2024 e recolocar a esquerda no poder.
Nesta segunda-feira, os três ex-prefeitos apareceram juntos em evento do partido Solidariedade, que atualmente abriga o ex-prefeito Sebastião Almeida, que no PT foi considerado um dos piores prefeitos de Guarulhos, deixando dezenas de obras paradas, citado na Operação Lava Jato acusado de participar de esquemas ligados ao saneamento básico, além de uma dívida de R$ 7 bilhões para a gestão Guti. Ele terminou o mandato com 90% da cidade em sistema de rodízio de água e apenas 2% do esgoto tratado.
A gestão de Almeida foi tão criticada que o próprio Elói Pietá, ao concorrer à Prefeitura em 2016 pelo PT, tentou separar a própria imagem do então prefeito.
Já Jovino Cândido também tem uma história de oposição a Pietá em pelo menos duas eleições. Em 2000, o então prefeito perdeu a disputa à Prefeitura para o candidato do PT no segundo turno, por uma diferença em torno de mil votos. Pietá se elegeu justamente com um discurso bastante contundente contra Jovino. Em 2004, os dois voltaram a se enfrentar nas urnas, com Jovino aparecendo como o principal concorrente contra o prefeito do PT.
Curiosamente, Pietá e Jovino apareceram citados em auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU), que demonstrariam a existência de um superfaturamento de R$ 30 milhões, além de fraude na licitação e na execução do contrato das marginais do rio Baquirivu. As primeiras irregularidades detectadas pelo TCU datam do período em que a cidade era governada por Pietá, numa obra contratada em 1999, sob a gestão de Jovino Cândido (PV), e entregue inacabada em 2008. O trecho compreende a avenida Natália Zarif, entre o Cecap e o Taboão.