Natural de Presidente Prudente, João Rubira conheceu o então sindicalista Sebastião Almeida nos anos 90, quando o atual prefeito presidia o Stap e trabalhava nos municípios do interior para criar a confederação da categoria. Por muitos anos, o advogado percorreu várias cidades ao lado de Almeida, que na época se apresentava com um sujeito idealista, simples, humilde, preocupado com a categoria. "A gente andava junto no carro, se hospedava nos mesmos hotéis, dividia o lugar nas mesas de refeição", conta Rubira, uma das pessoas responsáveis por denunciar os esquemas que envolvem a ONG Água e Vida, criada por Almeida em 2002 e investigados pelo Ministério Público Estadual. "Hoje, ele é um sujeito arrogante, frio e calculista. Assim como o grupo que o cerca, se acha dono da verdade".
O advogado conta que trocou Presidente Prudente por Guarulhos em fevereiro de 2009, logo depois que Almeida assumiu a Prefeitura, para atender um convite do amigo para ocupar um cargo no setor jurídico da administração. "Vim para cá, mas não saiu a nomeação. O Almeida então pediu para que eu gerenciasse a loja da ONG, enquanto não conseguia uma ocupação para mim na Prefeitura. Apesar de eu não ser do ramo, fui para a Água e Vida", explica. Em seguida, foi nomeado presidente do Instituto Água e Vida.
Não demorou para Rubira perceber que a ONG tinha dono. Era da família Almeida. Rubira notou que estava ali apenas para agir como um figurante. "Eu era presidente só para assinar cheques e endossar os documentos. Não tinha nenhuma autonomia". Ao perceber a ingerência do prefeito e da família, o advogado descobriu que era parte de um grande esquema criado apenas para favorecer o grupo ligado ao PT. Ao saber que Denise Veluchi, presidente da Casa de Cultura Água e Vida passava pelas mesmas privações administrativas, se uniu a ela para denunciar tudo que julgavam errado.
Em abril deste ano, os dois juntaram uma série de documentos, que constituíram um dossiê com quase 600 páginas, apresentado ao MP Estadual e Federal. Os dois abriram investigação sobre desvios de cerca de R$ 40 milhões de verbas destinadas a saúde municipal para a ONG, que funcionava, segundo as denúncias, para favorecer os candidatos do PT. A partir das denúncias no MP, Rubira rompeu com o PT, partido onde militou desde seus 18 anos de idade, quando ainda era estudante.