Estadão

Alta da véspera em NY ajuda Ibovespa, mas temor de juros elevados no mundo inibe

O Ibovespa tenta nesta quinta-feira, 8, recuperar parte da queda de mais de 2% da terça-feira, de olho no rali em Wall Street na quarta-feira e em dados mostrando que o Japão cresceu mais do que o esperado. A alta de cerca de 3% do minério de ferro na China também estimula valorização do índice Bovespa, bem como as projeções de aumento na produção de níquel e cobre pela Vale.

Na quarta, ressalta em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, os mercados tiveram uma sessão positiva, com bons ganhos nas bolsas em Wall Street e valorização de moedas de emergentes, "o que abre espaço para certo ajuste aos ativos locais após o feriado desta quarta." Na terça, o Ibovespa fechou em baixa de 2,17%, aos 109.763,77 pontos, após subir em três sessões seguidas.

"Temos uma recuperação técnica do Ibovespa motivada principalmente pelo recuo nas taxas de juros futuros após elevação na terça", diz Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.

Seguem as preocupações com um quadro de juros elevados no mundo por mais tempo e arrefecimento da China e em outras partes do globo.

Hoje, o Banco Central Europeu (BCE) afirmou que espera subir juros nas próximas reuniões para conter a demanda e a inflação. Isso após anunciar aumento da taxa de refinanciamento em 75 pontos-base, a 1,25% ao ano, como o esperado.

Já o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, reforçou o foco da autoridade monetária em controlar os preços na maior economia do mundo e voltar a inflação à meta de 2%.

Em Nova York, as bolsas cedem, bem como na Europa. Porém, o movimento não é uniforme. "A instabilidade se dá em função da agenda econômica. Do ponto de vista positivo, tivemos ontem sinais de menor pressão inflacionária nos Estados Unidos. E agora hoje o PIB do Japão foi revisado para cima", descreve em comentário matinal o economista-chefe do BV, Roberto Padovani.

Além disso, novos sinais de desaquecimento da economia chinesa colocam cautela após dados da balança comercial do país. "Do lado negativo, a China segue no radar, com preocupação sobre confinamento, crescimento e questões climáticas. Há ainda tensão geopolítica na Europa", acrescenta Padovani

A tentativa de recuperação do petróleo no exterior depois do tombo de mais de 5% na véspera, em meio a temores recessivos, é outro fator que anima o Ibovespa. Contudo, a alta tende a elevar as preocupações de juros elevados por mais tempo no mundo.

Apesar da alta de Petrobras e Vale, na esteira do petróleo e do minério de ferro, pondera Esteves, da Blue3, o sinal não é firme e ainda há outras do setor em queda (Petro Rio, por exemplo, com -2,68%), em meio ao cenário de incerteza mundial com recessão. "As cotações, no geral, estão inferiores a US$ 100 dólares, trazendo inquietação", acrescenta.

"O que chama a atenção é o setor de varejo, que está subindo, com os principais vértices dos juros futuros caindo, permitindo uma recuperação", afirma o especialista da Blue 3. Via, por exemplo, subia 5,54%, às 11h13.

O Ibovespa subia 0,25%, aos 110.043,62 pontos, após máxima diária aos 110.767,67 pontos, com ganho de 0,91%.

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