Novo alívio em medidas restritivas contra covid-19 na China animam investidores, estimulam bolsas e commodities. Esse apetite a risco contagia o Ibovespa, de forma com que o índice alce novas marcas, tentando se firmar em níveis acima dos 100 mil pontos recuperados ontem após seis fechamentos aquém desta marca. No entanto, ficam no radar preocupações fiscais e políticas locais, além de temores inflacionários em meio ao avanço das matérias-primas.
O bom humor vem após o governo chinês relaxar exigências de quarentena para viajantes estrangeiros. Ao mesmo tempo, o Banco do Povo da China prometeu manter uma política monetária acomodatícia para apoiar a recuperação econômica.
Em meio ao otimismo com a reabertura da economia chinesa, dado que o país relaxou a quarentena contra a covid-19 pela metade, espera-se que o gigante asiático volte a crescer com força. "E isso deve dar pujança à economia", avalia Rafael Germano, especialista em renda variável da Blue3.
"O Brasil parece indissociável do crescimento do mundo. O país parece sempre maior que os seus problemas", completa. Além disso, vê com bons olhos o Caged de maio, com geração de 277.018 vagas, ante mediana de 181.250 postos. "Está um pouco no preço retomada da atividade, mas acaba ajudando", avalia Germano.
Apesar de considerar que as medidas de alívio na China contra a covid abrem a perspectiva de melhora na atividade, o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, alerta que isso pode alimentar os riscos inflacionários globais, "o que exige uma atuação mais firme por parte dos bancos centrais."
No entanto, o especialista da Blue3 pondera que o temor sobre a inflação pode ser reduzido pela questão cambial. "Apesar do aumento das matérias-primas, ganha em termos cambiais."
O petróleo sobe acima de 1% no exterior, enquanto o minério de ferro teve alta de 3,80% no porto chinês de Qingdao, a US$ 124,82 a tonelada. As altas estimulam valorização de ações ligadas diretamente aos respectivos setores e ainda das aéreas, em meio às perspectivas de aumento na demanda.
Porém, Pedro Galdi, da Mirae Asset, lembra que como o Ibovespa subiu "muito" ontem, ao fechar com alta de 2,12% (100.763,60 pontos), pode encontrar dificuldade em avançar além, dados os ruídos fiscais e em torno da Petrobras. Segundo Galdi, apesar da aprovação do nome de Caio Paes de Andrade pelo Conselho de Administração da estatal para a presidência, os riscos envolvendo a empresa seguem no radar. Isso porque há o temor de ingerência política na empresa.
"A desconfiança na companhia continua. Se o novo presidente for nessa linha de segurar preços dos combustíveis quando se tem de elevá-los , é ruim. Além disso, o governo deve anunciar mais estímulos à economia, gerando desconfiança fiscal", afirma Galdi.
No Brasil, o governo segue atuando para colocar em práticas novas benesses. Para garantir o plano dos combustíveis, conta com cerca de R$ 54 bilhões em receitas extras e tenta barrar gastos maiores para não comprometer o teto. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o piso do Auxílio Brasil pode ser elevado de R$ 400 para R$ 600 hoje. Já a apresentação da PEC dos Combustíveis, esperada para esta manhã, ficou para as 18 horas.
Às 11h11, o Ibovespa subia 1,03%, aos 101.797,16 pontos, após avançar 1,46%, na máxima diária aos 102.237,09 pontos). Petrobras tinha elevação de 2,79% (PN) e 2,72% (ON), enquanto Vale ON avançava 2,02%. Entre as aéreas, Azul ON subia 2,70%; Gol PN tinha alta de 1,39%.