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Alta de casos de covid: tempo para atendimento em postos de saúde aumenta em SP

A alta de casos de covid-19, que começou a ser observada em São Paulo ao longo das últimas semanas, já tem impacto em unidades básicas de saúde (UBSs) da capital paulista. Em ao menos três delas – nos bairros de Santa Cecília e Bela Vista, na zona central, e na Casa Verde, região norte -, o tempo para atendimento de pacientes com suspeita de covid aumentou nesta semana, mesmo a Prefeitura direcionando os testes somente para pessoas com sintomas. Pacientes que foram até as UBSs têm apresentado principalmente dor de garganta, tosse e coriza.

Na UBS Humberto Pascale, que fica entre Santa Cecília e Barra Funda, a espera por atendimento para pessoas com suspeita de covid praticamente triplicou em uma semana. Funcionários do local relataram ao <b>Estadão</b> que, antes, levava-se cerca de 30 minutos até a triagem inicial e mais 30 até a consulta médica, quando pode haver ou não encaminhamento para realização de teste. Ou seja, uma espera total em torno de 1 hora. Com a alta de casos, as esperas por triagem e consulta médica passaram para cerca de 1h30 cada, o que resulta em 3 horas até a finalização do atendimento.

A reportagem foi até a UBS no final da tarde desta terça-feira, 7, e encontrou dezenas de pessoas aguardando serem chamadas pela senha para triagem inicial. Uma delas era a atendente de restaurante Talita Costa, de 35 anos. Moradora de Santa Cecília, ela relatou estar com sintomas respiratórios desde sábado, quando, ainda sem a confirmação de que é covid, passou a ficar em um espaço mais isolado no trabalho.

"Tenho tido principalmente tosse, dor no corpo e coriza", explicou a atendente. "Mas não estão tão fortes, vim mais por precaução mesmo." Apesar do tempo de espera, que ela não sabe precisar se está maior ou não do que em outros momentos, Talita elogia o atendimento da UBS e diz já ter ido ao local para fazer testes em outros momentos da pandemia. Em todas, os resultados deram negativo. "Tomara que dessa vez também não seja nada."

No caso do bancário Fernando Alves, de 56 anos, os sintomas de síndromes gripais têm sido notados há pelo menos uma semana, desde a segunda-feira passada. Em um primeiro momento, ele pensou que se tratava apenas de uma gripe, mas disse ter ligado o alerta quando viu que a dor de garganta – principal sintoma sentido por ele ao longo dos últimos dias – não estava passando nem com medicação. "Fiz então uma teleconsulta e fui orientado a vir fazer um teste na UBS mais próxima", conta ele, que esperava atendimento na Bela Vista.

Como mora nas proximidades, o bancário relata que trabalhou de forma remota ao longo do dia e foi para o local logo após o expediente. "Tomei as três doses da vacina, mas pelo que tenho observado não tem sido garantia para não pegar covid", disse Alves "Muita gente que conheço tem testado positivo recentemente." Especialistas reforçam que, além de reduzir as chances de a covid evoluir para quadros graves, a vacina também diminui os riscos de contaminação. Ainda assim, mesmo pessoas vacinadas podem se infectar e transmitir a doença – sobretudo em cenários de alta de casos.

A reportagem encontrou a UBS Bela Vista cheia no fim da tarde desta terça. Conforme funcionários do local, com a alta da demanda, o tempo de espera para atendimento poderia chegar até 2 horas. Eles explicaram ainda que desde o início do ano, após o pico da variante Ômicron, mais transmissível, somente pacientes com sintomas estavam sendo encaminhados para fazer os testes após atendimento médico.

Ainda diante dessa limitação, o eletricista Cosmo Jonathan Nogueira, de 27 anos, resolveu ir até a UBS Bela Vista para tentar fazer um teste para covid por precaução. "Esse final de semana viajo para o litoral paulista e, como vou ver parentes idosos, resolvi vir fazer", diz ele, que trabalha nas proximidades da Avenida Paulista e mora em Ferraz de Vasconcelos.

O eletricista explicou que chegou a pegar covid em 2021, quando teve um quadro assintomático, e que agora um de seus irmãos está infectado pela doença, o que também o motivou a procurar uma UBS. Informado pela reportagem que só pacientes que apresentavam sintomas estavam sendo direcionados para fazer os testes pela equipe médica, Nogueira disse que ficaria na fila para tentar ainda assim.

Na UBS Dr Walter Elias, localizada entre os bairros do Limão e Casa Verde, zona norte da capital, a indicação dos funcionários também era que só pacientes que apresentavam sintomas há cerca de dois ou três dias poderiam fazer os testes. Eles informaram que, com a nova alta de casos, o tempo de espera no local poderia chegar a até 2 horas nesta terça, mais do que costumava ser observado em outros momentos.

Moradora da região, a balconista Giovana Fiore, de 18 anos, foi até o local no horário do almoço para tirar dúvidas e no final da tarde levou a irmã, Luiza Fiore, de 14 anos, para fazer o teste para a doença. Desde sábado, a adolescente apresenta sintomas como ânsia de vômito, enjoo, febre, dor de garganta, cansaço e nariz congestionado.

Apesar de viver com a irmã, Giovana não apresenta nenhum sintoma, o que a impossibilita de fazer o teste pela rede municipal. "Não sei se vou poder fazer, mas como eu sou acompanhante dela, acho que seria um direito fazer", disse. "Além de trabalhar, eu ainda estudo, então posso estar colocando a vida de outras pessoas em risco."

Procurada, a Prefeitura de São Paulo informou que, atualmente, a testagem para covid-19 na rede municipal é direcionada a indivíduos com quadro respiratório agudo, caracterizado por pelo menos dois dos seguintes sinais e sintomas: febre (mesmo que referida), calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou distúrbios gustativos. Em crianças e idosos, outros sintomas podem ser considerados.

Conforme a Prefeitura, estão disponíveis nos equipamentos municipais os testes RT-PCR e teste rápido antígeno (TRA). "Ambos são recomendados do 1º ao 8º dia de sintomas e, atualmente, o resultado do RT-PCR está disponível em até 48 horas e do TRA, entre 15 e 20 minutos", informou.

Questionada sobre a nova alta de casos, a Prefeitura afirmou ainda que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) dispõe de contrato para fornecimento dos testes RT-PCR e os estoques atuais são suficientes para atender a população, mesmo em um cenário de aumento de pessoas contaminadas.

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