O Ibovespa começa a semana em alta forte, apesar do ganho moderado dos índices futuros de ações dos Estados Unidos. Com impulso das ações ligadas a commodities metálicas, o Ibovespa sobe nesta manhã e renova máximas na faixa dos 109 mil pontos, após abrir aos 107.758,34 pontos. O movimento vem na esteira da valorização do minério de ferro na China, após indicação de anuncio de medidas de estimulo pelo governo chinês.
O índice Bovespa voltou a operar na faixa dos 109 mil pontos há instantes, marca que fora vista pela última vez no dia 25 de outubro. Contudo, a máxima alcançada há pouco, de 109.492,91 pontos (alta de 1,61%), supera a vista naquela ocasião (109.371,98 pontos). O alívio nos juros futuros longos é um dos fatores apontados pela aceleração.
"Tem um pouco de bom humor lá fora. Sem dúvida a alta do minério de ferro de quase 6% na China ajuda as ações da Vale e demais, assim como o Ibovespa. Além do mais, o índice está bem descontando em relação a seus pares. Tem espaço para subir mais, quem sabe fechar o ano perto dos 115 mil, 120 mil pontos", avalia Mauro Orefice, diretor de investimentos da BS2 Asset.
Às 11h02, o Ibovespa subia 1,55%, aos 109.428,55 pontos.
Vale ON tinha alta de 3,81% e CSN ON, de 4,14%. Petrobras avançava 1,21% (PN) e ON (1,33%). Além disso, bancos avançavam em torno de 0,80% a 2,00%. "Amanhã, a ata do Copom tem a chance de abrandar o tom duro da semana passada", diz Orefice.
Em Nova York, os sinais dos índices futuros eram variados, perto da estabilidade.
A mineradora também informou nesta segunda-feira que a sua subsidiária Vale Canada Limited (VCL) celebrou um contrato vinculante com a Nucor Corporation (Nucor). O negócio é para a venda indireta de sua participação de 50% na California Steel Industries (CSI), por US$ 400 milhões, ajustado pela dívida líquida e capital de giro no fechamento.
Outro fator que agrega calmaria aos negócios é a redução moderada nas projeções para o IPCA deste ano, após o resultado menor que o esperado no dado de novembro, e também para 2023.
Porem, ficam no radar especulações a respeito das decisões de política monetária em várias partes do globo esta semana – especialmente nos EUA -, além da divulgação da ata do Copom (terça-feira) e do Relatório Trimestral de Inflação (quinta-feira).
"A semana promete muita coisa agenda cheia. Teremos de ver qual será o tom da ata do Copom e principalmente do Fed, além de vermos qual será o desfecho da PEC dos Precatórios", afirma Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos.
Enquanto isso, indicação de medidas de estímulo na China são bem-vindas para o Ibovespa, que tem em sua forte presença de ações ligadas a commodities metálicas, além de o gigante asiático ser importante parceiro comercial do Brasil. "Antes mesmo de aqui reagir a questões fiscais, o Ibovespa caiu na esteira das preocupações com a saúde financeira da Evergrande gigante incorporadora da China, que está em crise financeira. Isso mostra muito da proximidade das economias", completa Brito.
Em meio a incertezas globais, a China indica que continuará adotando medidas de estímulo à economia, no momento de crise no segmento imobiliário e de avanço da variante de coronavírus Ômicron. "Basicamente porque tem uma pressão do governos chinês para aumentar estímulos, especialmente no setor imobiliário, lembrando que na semana passada houve a redução na taxa de compulsórios para o setor imobiliário", cita Vitor Miziara, da Criteria, em nota.
Porém, observa Miziara, a semana é muito importante pois espera-se que o Federal Reserve anuncie a aceleração da retirada dos estímulos, processo conhecido como tapering, reduzindo a liquidez global. "O que o mercado quer saber é quantos aumentos de juros serão feitos nos EUA no ano que vem. Vai depender do tapering", diz, Miziara. A decisão do Fed sairá na quarta-feira. Também terão decisões de política monetária do banco europeu, do inglês, mexicano, russo, entre outros.
Já no Brasil, o arrefecimento na projeção para a inflação deste ano no Focus pode dar algum alento. Contudo, essa expectativa vai depender do tom da ata do Copom, depois de o Comitê ter adotado um comunicado duro na semana passada. Na ocasião, o BC elevou a taxa Selic de 7,75% ao no para 9,25%, indicando novo aumento de 1,50 ponto porcentual em fevereiro.
A estimativa para o IPCA 2021 arrefeceu de 10,18% para 10,05%, seguiu em 5,02% em 2022 e diminuiu a 3,46% para 2023. "Este fenômeno era esperado uma vez que o pior das estimativas foi incorporada às projeções e muito provavelmente devemos ver mais alguma melhora na margem o que pode reanimar investidores ao perceberem que mesmo o ciclo de alta da Selic será limitado", avalia em relatório o economista-chefe da Necton, André Perfeito.
De acordo com o sócio da Finacap, a grande questão neste momento é a ancoragem das expectativas inflacionárias. Por isso, avalia, será importante avaliar o tom da ata do Copom, dado, que segundo ele, o mercado já conta com nova alta de 1,5 ponto porcentual da Selic em fevereiro, após o aumento na semana passada, de 7,75% para 9,25% ao ano.
Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, rebateu o aviso feito na quarta-feira pelo Banco Central de que as mudanças no regime fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas da inflação.