O Ibovespa voltou a perder tração na manhã desta terça-feira, 19, mas ainda tenta defender o nível dos 97 mil pontos alcançados mais cedo. A desaceleração ocorre apesar da valorização superior a 1% na maioria das bolsas americanas, em dia de recuperação e após dados de moradias dos EUA, em tese, indicando um Fed menos agressivo.
"Está bem parecido com o dia de ontem, vamos ver se isso irá se sustentar", diz Edmar de Oliveira, operador da mesa de renda variável da One Investimentos. "Vemos um mercado mais pessimista, tentando precificar qual será a decisão sobre os juros europeus na quinta e nos Estados Unidos semana que vem, embora também com um sentimento misto. Por um lado, os Bcs têm de lutar para conter a inflação, em meio a dados fracos atividade , avalia Oliveira.
Com a alta das bolsas norte-americanas, que respalda valorização do Ibovespa, pode ser que o indicador da B3 vá para um terceiro pregão seguido de ganho. Porém, a agenda esvaziada aqui e lá fora limita a elevação do indicador da B3, que tenta defender o nível dos 97 mil pontos, após abrir aos 96.919,84 pontos.
O recuo do minério de ferro na China e nas cotações do petróleo no exterior, além de ruídos políticos internos envolvendo a Petrobras também ficam no radar. Está também no foco das atenções a divulgação dos dados de produção e vendas da Vale relativos ao segundo trimestre, após o fechamento da B3.
Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,38%, aos 96.916,13 pontos, após perda de fôlego de Nova York na reta final, diante de renovadas preocupações com desaquecimento da economia norte-americana. Na máxima intradia, o índice Bovespa subiu 1,80%, aos 98.291,10 pontos.
De acordo com o economista e consultor de Finanças Álvaro Bandeira, o Ibovespa precisa ultrapassar o nível dos 98 mil pontos, a fim de mirar a importante marca psicológica dos 100 mil pontos e ganhar "maior consistência." Entretanto, o cenário segue desafiador. Às 11h14, subia 0,40%, aos 97.308,52 pontos, depois de avançar 0,78%, aos 97.669,64 pontos, na máxima diária.
Apesar do crescente temor de desaquecimento mundial, muitos bancos centrais seguem promovendo aperto monetário, na tentativa de conter as pressões inflacionárias. Na zona do euro, a taxa anual do índice de inflação ao consumidor acelerou e atingiu recorde de 8,6% em junho, confirmando a revisão. Isso eleva a expectativa para a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, dia 21, que deve elevar os juros pela primeira vez em 11 anos.
Na semana que vem, será a vez do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Hoje, saíram os dados das construções de moradias iniciadas do país, que cederam 2% em junho ante maio, ante previsão de alta de 1,4%. Em tese, o resultado sugere um Fed menos agressivo.
O mercado ainda avalia o encontro de ontem do presidente Jair Bolsonaro com diplomatas, chamado pelo Palácio do Planalto de reunião de "intercâmbio de ideias". Na avaliação da MCM Consultores, o evento sobre urnas eletrônicas de Bolsonaro aumenta as preocupações dos investidores quanto a um ambiente tumultuado nos meses que antecedem as eleições.