Estadão

Alta externa anima Ibovespa antes do Fed e índice testa 112 mil pontos

Alta forte das bolsas europeias e dos índices futuros de ações dos Estados Unidos respalda nova valorização ao Ibovespa, que ontem superou a marca importante dos 110 mil pontos. O avanço nas cotações das commodities também reforça o apetite por risco. Porém, pode ocorrer alguma instabilidade, dado que a agenda do dia está repleta de indicadores e eventos capazes de influenciar os negócios.

A principal divulgação é o desfecho da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), às 16 horas, e entrevista do presidente Jerome Powell, que poderão dar pistas sobre o ritmo de alta do juro a partir de março. Ainda ficam no radar dos investidores os balanços corporativos americanos do quarto trimestre, a tensão entre Rússia e Ucrânia e, no Brasil, o IPCA-15, que saiu esta manhã.

Para André Rolha, líder de renda fixa e produtos de câmbio da Venice Investimentos, muito da expectativa em relação ao Fed já está incorporado nos mercados. "Deve sinalizar que começará a subir o juro em março e que a taxa subirá pelo menos mais três vezes. O que não dá é para continuar com a inflação alta como está nos EUA, ao mesmo tempo que a economia/atividade segue crescendo. É um mal necessário", avalia.

Ontem, o índice Bovespa subiu 2,10%, fechando aos 110.203,77 pontos, no maior nível desde 20 de outubro de 2021. "Foi bom ter recuperado o patamar dos 110 mil pontos, pois serve para apontar aquela marca que também tínhamos dito de 115 mil pontos, quando o mercado pode ganhar maior tração", avalia o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, em comentário matinal.

"Há muitas oportunidades de compra, muitas barganhas, isso explica o desempenho desencontrado das bolsas", explica em nota o economista-chefe do BV, Roberto Padovani. Neste cenário, o dólar à vista rompeu o piso de R$ 5,45, fechando a R$ 5,4352 (-1,24%). A indicação para a abertura, segundo o economista, é positiva, porém, num ambiente de bastante volatilidade.

Além de buscar sinais sobre a política monetária americana, o investidor avalia o IPCA-15 para balizar suas estimativas para a taxa Selic. Para o Copom de fevereiro, indicam alta de 1,50 ponto porcentual. Sendo assim, o juro básico iria para 10,75% ao ano.

O IPCA-15 de janeiro, que desacelerou a 0,58%, de 0,78%, pode dar algum impulso a ações ligadas ao consumo na B3. No entanto, o indicador, ficou acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcas, de 0,45%. As estimativas coletadas iam de 0,35% a 0,73%. Além disso, a taxa acumulada em 12 meses segue em dois dígitos, em 10,20%, e o difusão foi a 74,4% em janeiro, de 68,9% em dezembro, informa a ASA Investments.

"A despeito da desaceleração, a composição do resultado segue ruim, com elevada Difusão (74,4%) e relevante pressão no componente subjacente de Serviços e em Bens Industriais", avalia em nota a equipe Macro & Estratégia do BTG Pactual digital, ponderando que, no curto prazo, "o balanço de riscos mais negativo para o mercado local."

Às 10h50, o Ibovespa subia 1,47%, aos 111.828,78 pontos, após máxima intradia aos 112.350,64 pontos (alta de 1,95%), depois de iniciar o pregão aos 110.206,50 pontos (variação zero).

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