A pandemia do coronavírus e o aumento nos gastos públicos para fazer frente à crise levaram a dívida bruta brasileira a registrar os maiores aumentos mensais dos últimos 14 anos. Em junho, a dívida bruta alcançou 85,5% do PIB, o maior porcentual da série, que tem início em dezembro de 2006. De maio para junho, a dívida bruta do governo geral cresceu 3,6 pontos porcentuais a maior variação de um mês para o outro da série histórica do Banco Central.
O número supera os dois recordes anteriores, registrados, justamente, de abril para maio (+2,1 pontos porcentuais) e de março para abril (1,8 ponto porcentual), meses em que o país já havia sido atingido pela pandemia.
De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, o aumento da dívida líquida no mês de junho foi totalmente causado pelo déficit primário recorde do mês. Ele ponderou que não houve variação cambial significativa, que é outro fator que afeta o endividamento líquido. Em junho, a dívida líquida do setor público cresceu 3,1 p.p. e alcançou 58,1%.
"A evolução da dívida bruta também é dada pelos números do déficit nominal, principalmente com emissão da dívida pública para financiar o déficit", explicou Rocha.