A participação dos alunos surdos da EPG Crispiniano Soares na modalidade pique-bandeira, durante a etapa regional dos Jogos Escolares Municipais 2023 na última sexta-feira (25), no Ginásio João do Pulo, foi marcada por muita colaboração e trabalho em equipe. Alinhada à concepção de educação inclusiva da rede municipal, as atividades propostas pela competição têm como foco a garantia da participação dos educandos com deficiências em todas as fases do evento, desde as atividades que aconteceram na escola às da etapa regional.
Em meio aos destaques dos jogos, a arbitragem da última sexta-feira, realizada pela professora Cathi Domingos, tornou-se um capítulo à parte. Especialista de educação física na rede há 13 anos, Cathi é Coda (child of deaf adults, filha de adultos surdos) e, como filha de mãe surda, é usuária da Libras (Língua Brasileira de Sinais). Ela conta que nunca teve a oportunidade de dar aula pra alunos surdos.
“Achei incrível ver tantas crianças surdas, pois sempre convivi com adultos surdos. Empolguei-me perguntando tudo sobre eles, se já conheciam os jogos que iam acontecer ali e dois ou três já tinham conhecimento do pique-bandeira. Nas arquibancadas acontecia uma interação com os alunos ouvintes, que sabiam algumas palavras em Libras e começou ali uma experiência inesquecível. Descemos para jogar e foi muito interessante explicar as regras e o desenvolvimento das crianças nas partidas, a brincadeira indígena com peteca, o silêncio misturado com os gritos da torcida, o movimento corporal, a professora, a intérprete e o não uso do apito”, vibrou Cathi.
As aprendizagens que as atividades dos Jogos Escolares proporcionam aos alunos têm como foco a concentração, a compreensão das regras dos jogos e o trabalho em equipe.
“Os jogos fazem parte de mais uma das ações de interação entre os educandos surdos e ouvintes que acontecem de forma diferenciada e intensa. E mesmo diante da euforia dos educandos ouvintes, dos apitos e dos gritos da torcida, os educandos surdos chamaram a atenção de todos pela forma como se apoiavam e torciam uns pelos outros, uma participação cheia de interesse e compreensão de que não importa se você ganhou ou perdeu, o importante era estar ali, jogando e interagindo com todos”, contou emocionada Emylle Cabral, responsável pelos programas bilíngues das classes de surdos e intérprete de Libras da Secretaria de Educação.
Efeitos
De volta à escola, a professora da turma da classe bilíngue de surdos da EPG Crispiniano Soares, Aretê Azevedo, retomou a participação dos alunos nos jogos, compartilhou fotos e conseguiu devolutivas bastante interessantes sobre a visita ao Ginásio João do Pulo, principalmente sobre o jogo de petecas e a relação que os alunos fizeram com as atividades do Agosto Indígena, realizadas dias antes.
“Eles estavam muito empolgados e radiantes, cantaram o Hino Nacional, receberam medalhas, fizeram novos amigos das demais escolas e ficaram muito felizes por encontrar a professora Cathi, que estava pronta para ajudá-los durante os jogos”, comemorou Aretê.
Para saber mais sobre os Jogos Escolares Municipais acesse https://portaleducacao.guarulhos.sp.gov.br/wp_site/jem/.