Estadão

Alívio externo com bancos e expectativa por regra fiscal local estimulam alta do Ibovespa

Sinais de alívio no exterior por conta do setor bancário estimulam alta do Ibovespa nesta segunda-feira, 27, em meio à espera de definição do novo arcabouço fiscal. Só que o embate entre os representantes do Congresso Nacional fica no radar, dado que pode atrasar o avanço fiscal. Ao mesmo tempo, fica a expectativa pela divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que sai na terça-feira, após o Banco Central (BC) sinalizar aumento da taxa Selic na semana passada, quando deixou o juro básico em 13,75% ao ano.

Por ora, o Ibovespa ainda não testou a importante marca psicológica dos 100 mil pontos. Na máxima diária, subiu 1,17%, aos 99.982,24 pontos, ante mínima aos 98.833,98 pontos (variação zero). Na sexta-feira, fechou com valorização de 0,92%, aos 98.829,27 pontos, indo para a quinta semana seguida de baixa (-3,09%).

A expectativa de adiantamento da apresentação das regras ficais entra como fator positivo, mas as dúvidas sobre o teor da proposta e o quão rápida será aprovada geram insegurança. Após a descoberta de um quadro de pneumonia leve, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não viajou à China no domingo nem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

"As notícias sobre o arcabouço fiscal não se concretizaram. Há relatos de que a proposta que pode sair tem chance de agradar, mas aparentemente ela encontrou resistência da ala petista", avalia Lucas Lima, analista-chefe da VG Research. E esse impasse, diz, deixou o Índice Bovespa descolado de Nova York, cujas bolsas fecharam a semana em alta, enquanto o indicador da B3 caiu 3,09% no período.

"O mercado está esperando o arcabouço sair. É melhor sair algo do que nada. Claro que se for apresentado uma proposta surreal em termos de credibilidade, vai desagradar", completa Lima, da VG Research.

Sobre o arcabouço, na sexta, Haddad disse que as respostas às dúvidas pontuadas por Lula sobre o projeto já foram providenciadas e que agora basta apresentá-las ao chefe do Executivo, mas que cabe ao mandatário decidir qual o melhor momento para tornar o documento público.

"O ministro diz que o arcabouço está pronto, mas não sabemos se isso é verdade. No fundo, o mercado está sem novas notícias, e vem de uma semana pesada, na esteira do Copom que trouxe um comunicado duro ao indicar que pode voltar a subir a Selic se considerar necessário", afirma Ricardo Carneiro, especialista em renda variável da WIT Invest. "Só que vemos sinais de desaceleração da economia, as commodities caíram bem. Espero que ata venha com um tom mais suave", completa Carneiro.

As bolsas europeias e norte-americanas, além das commodities sobem, após notícia de que o First Citizens Bank comprou o Silicon Valley Bank (SVB), que quebrou há pouco mais de duas semanas.

Na agenda, destaque somente para o discurso de um dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), mas ao longo da semana sairão, por exemplo, o índice de preços gastos com consumo (PCE) dos EUA e a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

As ações da Vale, da Petrobras e de grandes bancos avançam. O petróleo tem alta de quase 2% no exterior, enquanto minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, na China, teve alta de 2,16%, para US$ 126,96 a tonelada. "Aqui, segue o exterior, tentando recuperar as recentes perdas, mas tem incerteza, compasso de espera para uma regra fiscal nova", diz Carneiro, da WIT Invest.

Às 11h16, o Ibovespa subia 1,07%, aos 99.891,07 pontos.

Posso ajudar?