Estadão

Alívio externo por Rússia-Ucrânia, Caged e troca na Petrobras animam Ibovespa

O Ibovespa retomou hoje a trajetória de alta após interromper uma série de oito pregões seguidos de valorização ontem, quando cedeu 0,29%, aos 118.737,78 pontos. O pano de fundo do bom humor internacional vem da esperança de avanço em conversas presenciais de paz entre Rússia e Ucrânia, nesta terça, na Turquia. O ambiente internacional melhor e o avanço na geração de vagas de emprego com carteira assinada no Brasil sustentam ganhos do índice Bovespa, que já reconquistou a importante marca psicológica dos 120 mil pontos quem sabe ainda hoje.

Mais cedo, indicava até ir a 121 mil pontos (máxima a 120.900,02 pontos, alta de 1,82%). A última vez em que atingiu tal marca foi no dia 16 de agosto, quando a máxima diária chegou a 121.191,45 pontos. Porém, às 10h52 desacelerava a 119.984,11 pontos, em elevação de 1,05%.

"Um dos principais motivos é a possibilidade de um cessar-fogo. Obviamente, a questão da China, com novos casos de covid gera atenção, o que de certa forma alivia um pouco a pressão sobre as commodities e a inflação", avalia Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha. Para Moliterno, mesmo que a situação no Leste Europeu caminhe para uma solução de paz, o fluxo de capital externo deve continuar no Brasil. "Ainda está bem atrativo. Com preços de ativos de alguns países desenvolvidos sendo considerados saturados, pode levar a uma readequação do portfólio internacional", avalia Moliterno.

O petróleo reage em queda perto de 5%, após instabilidade, diante de relatos de que negociadores dos dois lados teriam falado sobre a possibilidade de um encontro direto entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelensky. De acordo com a agência de notícias Tass, o vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin, afirmou que o país "reduzirá radicalmente" as atividades militares na capital ucraniana, Kiev.

O recuo da cotação do óleo no exterior, contudo, limita a alta do Ibovespa, que ainda repercute a mudança na direção da Petrobras. Os papéis da companhia estão no radar dos investidores, após o presidente Jair Bolsonaro demitir o general Joaquim Silva e Luna do comando da empresa, e indicar ao cargo o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. As ações chegaram a subir até 3%, mas reduziram o ritmo para a faixa de 1,6% (PN) e 0,23% (ON), enquanto Vale cedia 1,34%, diante de temores de desaceleração da economia chinesa por conta da covid-19

"O principal ponto é a melhora do humor no mundo, diante da expectativa de avanço nas negociações entre Rússia e Ucrânia", afirma o estrategista-chefe da Levante Investimentos, Rafael Bevilacqua, para quem a troca no comando da Petrobras não deve mudar a política de preços da empresa, ainda que a troca tenha sido feita pelo presidente Jair Bolsonaro.

Para o economista-chefe da Necton, André Perfeito, a mudança na estatal "é mais um ato simbólico que qualquer outra coisa." Como avalia em nota, a alteração acontece em pleno ano eleitoral o presidente Bolsonaro, quando o chefe do Executivo pretende dar uma resposta à sociedade.

"Mas nem Luna e muito provavelmente nem Pires irão mudar a política de preços da empresa. Qualquer iniciativa em reduzir o impacto aos consumidores de maneira mais generalizada teria que vir do Ministério da Economia na forma de subsídios, mas este não parece ser um plano desejado pelo ministro e equipe", afirma o economista da Necton.

Além disso o investidor avalia o Caged de fevereiro. Naquele mês, o Brasil criou 328.507 vagas formais, após geração de 155.178 pontos. O dado ficou perto do teto das estimativas de 327.283 postos (piso: 170 mil; mediana: 225.250), gerando expectativas positivas em ações ligadas ao consumo e à atividade na Bolsa.

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