A ameaça de impeachment paira sobre a Casa Branca, mas os principais parlamentares democratas da Câmara dos Representantes estão preocupados com a possibilidade de tomar as próximas medidas contra o presidente Donald Trump sem um apoio público mais amplo.
Líderes democratas deram um resumo neste domingo do dilema do partido sobre as questões de impeachment colocadas pelas descobertas do conselheiro especial Robert Mueller na investigação sobre interferência russa nas eleições norte-americanas. Um dos principais líderes democratas na Câmara, Jim Clyburn, da Carolina do Sul, disse que o presidente poderá, sim, enfrentar uma investigação de impeachment na Câmara. Outro, o deputado Adam Schiff, da Califórnia, sugeriu que isso não deve ocorrer em breve, se é que ocorrerá. “Ainda não chegamos lá”, afirmou no programa “This Week”, da ABC.
A presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, não chegou a abrir o processo de impeachment contra Trump apesar de um número crescente de legisladores, incluindo alguns candidatos à presidência em 2020, terem pedido isso. Ela está receosa de iniciar um debate politicamente divisivo que pode abafar a agenda política da Câmara e as promessas de campanha. Legisladores ouviram opiniões divergentes durante uma semana de recesso na Câmara, e Pelosi conversou com aqueles que preferiam o impeachment durante a reunião do partido Democrata da Califórnia no fim de semana.
Seis comissões da Câmara estão investigando profundamente os negócios de Trump, seu governo e se o presidente obstruiu ou não a investigação de Mueller.
“O que eu disse várias vezes é que Mueller desenvolveu as bases para o impeachment. A Câmara tem que determinar o momento para o impeachment. Há uma grande diferença”, disse Clyburn no programa “State of the Union” da CNN. “Estamos tentando analisar isso com calma e fazer isso direito. Então eu não vejo isso como estando fora de sintonia com as aspirações do povo.”
Schiff, o presidente da Comissão de Inteligência, sinalizou que a Câmara pode acabar se recusando a buscar o impeachment. Segundo ele, não vale a pena fazer o país enfrentar isso se é uma “disputa apertada”.
Schiff quer que Mueller testemunhe, dizendo que ele tem um “dever final” de comparecer perante o Congresso, mesmo que o conselho especial tenha indicado em uma rara declaração pública na semana passada que preferiria simplesmente que o relatório falasse por si. “É minha esperança que ele faça isso, e é minha esperança que ele faça isso
voluntariamente”, afirmou Schiff. Ele não indicou se a Câmara tentaria obrigar o testemunho de Mueller com uma intimação.
O deputado Jim Jordan, de Ohio, o principal republicano na Comissão de Supervisão, disse que também quer que Mueller testemunhe para que os republicanos possam seguir sua própria linha de questionamento sobre a investigação do papel da Rússia na última eleição presidencial. “Eu sei que tenho perguntas para ele”, disse Jordan à ABC. “Por que você esperou quase dois anos antes de dizer ao país que não havia conspiração entre a campanha de Trump e a Rússia para influenciar a eleição?”
Trump, por outro lado, diz que o caso está encerrado. Neste domingo, ele voltou a falar no Twitter sobre o assunto. “Não houve conluio, não houve obstrução, não houve nada.”
O relatório de Mueller confirmou que a Rússia tentou inclinar a eleição de 2016 em favor de Trump, mas o conselheiro especial não pôde estabelecer evidências de uma conspiração criminosa com o acampamento do presidente. Mueller rejeitou inocentar Donald Trump e afirmou que cabe ao Congresso – e não a ele – indiciar um presidente no exercício do mandato. Fonte: Associated Press.