A final da Copa do Brasil 2025 não foi apenas um duelo de 90 minutos, mas o encontro de dois projetos em estágios distintos. De um lado, um Corinthians que parece jogar “apesar” de si mesmo, superando uma dívida de R$ 2,5 bilhões e crises políticas para erguer sua segunda taça no ano. Do outro, um Vasco em reconstrução que, embora tenha recuperado o orgulho, sentiu o peso de uma inexperiência que Dorival Júnior soube explorar com maestria.
O jogo foi mais brigado do que plástico, refletindo a tensão de dois times que oscilaram no Brasileirão. Dorival Júnior tomou uma decisão de risco ao deixar o talentoso Garro no banco, optando por um meio-campo físico com Maycon, Raniele, Martínez e Bidon.
A estratégia surtiu efeito nos primeiros 25 minutos. Ao recuar Raniele para a linha de zagueiros, o Corinthians atraiu a marcação de Nuno e sobrecarregou o setor central do Vasco. Foi nesse cenário que nasceu o primeiro gol: Raniele achou Matheuzinho, que aproveitou a indecisão de Andrés Gomez para servir Yuri Alberto. O atacante, letal na profundidade, superou a cobertura distante de Cuesta e a hesitação de Léo Jardim.
Apesar do gol de empate do Vasco — fruto de um erro de passe de Raniele que permitiu o contragolpe finalizado por Nuno Moreira —, o Corinthians não se desestruturou. O segundo tempo mostrou um Vasco mais ofensivo e controlador, mas foi a “estocada” individual que decidiu o título.
O lance da vitória passou pelos pés da joia Breno Bidon. Um drible desconcertante do jovem meia desmontou a marcação de Barros e encontrou a defesa carioca desorganizada, deixando o caminho livre para Memphis Depay balançar as redes. Dali em diante, o Corinthians “picotou” o jogo, que teve apenas 51 minutos de bola rolando, recorrendo à experiência para segurar a pressão.
Na reta final, Fernando Diniz “empilhou” atacantes: Vegetti, GB, Matheus França e David foram a campo na base da coragem. O Vasco chegou a dominar o volume de jogo, mas parou em Hugo Souza. O goleiro corintiano fez defesas cruciais, incluindo um chute forte de Rayan no abafa final, garantindo que o time que “resiste ao clube” também resistisse à pressão das arquibancadas.
Lado vascaíno tem lições a serem absorvidas
Para o Vasco, a derrota doi pela proximidade do título, mas deixa lições claras. O clube, que vinha de anos de eliminações precoces, voltou a ser protagonista. No entanto, a final escancarou a necessidade de um banco de reservas mais qualificado — Diniz evitou trocar Coutinho e Nuno Moreira por falta de opções à altura.
Historicamente, o Corinthians se consolida como o maior carrasco recente do Cruzmaltino. Em 25 anos, são quatro traumas profundos:
- 2000: Mundial de Clubes
- 2011: Título do Brasileirão
- 2012: Libertadores
- 2025: Copa do Brasil
O que esperar para 2026?
O Corinthians encerra 2025 com o tetracampeonato e o desafio de resolver sua saúde financeira para que os títulos não sejam apenas “remédios paliativos”. Já o Vasco precisa manter a constância. Como diz Diniz, “experiência é intransferível”, e este grupo jovem sai do Maracanã com a “casca” necessária para buscar a Sul-Americana e o topo do Brasileirão no próximo ano.
