As vendas de materiais de construção no varejo devem registrar uma retração de 6% em 2015, de acordo com projeção da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Para o ano que vem, no entanto, a entidade acredita numa recuperação, com alta de 5%.
“Nós últimos três anos, as vendas no mês de dezembro têm se mantido estáveis. Se essa tendência se mantiver, o setor fechará 2015 com retração de 6% em relação a 2014, quando registramos um faturamento de R$ 60 bilhões. Será a primeira vez que registraremos queda de vendas na última década”, explica o presidente da Anamaco, Cláudio Conz.
As vendas de material de construção ficaram estáveis no mês de novembro, na comparação com outubro. O desempenho, no entanto, ficou 8% abaixo do registrado no mesmo período de 2014. Os dados são do estudo mensal realizado pelo Instituto de Pesquisas da Anamaco com o apoio da Abrafati, Instituto Crisotila Brasil, Anfacer e Siamfesp. O levantamento ouviu 530 lojistas das cinco regiões do País entre os dias 26 e 30 de novembro e a margem de erro é de 4,3%.
Segundo a pesquisa, no acumulado do ano, o varejo de material de construção tem queda de 4,5%.
“Nessa época do ano, é comum haver um movimento de reforma da casa para as festas de fim de ano e isso explica o aumento de vendas dos produtos de acabamento no mês de novembro”, explica o executivo. Dentre as categorias pesquisadas em novembro, ante outubro, tintas cresceu 10%, seguida por louças sanitárias (4%) e revestimentos cerâmicos (3%). Fechaduras e ferragens tiveram desempenho estável, mas telhas de fibrocimento e cimento retraíram 7% e 5%, respectivamente.
No levantamento por regiões, o Sul e o Nordeste apresentaram crescimento de 2% em relação a outubro, enquanto Norte e Sudeste retraíram 2% e 3%, respectivamente. No Centro-Oeste não houve variação sobre o mês anterior.
De acordo com o presidente da entidade, a falta de crédito e a insegurança do consumidor, causadas pela crise econômica, estão ocasionando um adiamento das reformas. “Por conta disso, menos consumidores estão indo até as lojas nessa época do ano, se compararmos com os anos anteriores”, ressalta o presidente da Anamaco.
Tal adiamento das obras, no entanto, deve beneficiar o setor no início de 2016. “O Brasil possui cerca de 64 milhões de imóveis, que demandam manutenção e reforma por conta de seu uso e desgaste natural. E reforma precisa de planejamento. As pessoas estão adiando as obras maiores, mas não conseguirão fazer isso por muito tempo porque a infiltração na parede não espera, o cano quebrado não espera, então uma hora esse conserto precisa sair”, diz o executivo.
O lado positivo, afirma o presidente da Anamaco, é que há boas perspectivas para 2016. “Certamente teremos um primeiro trimestre abaixo do registrado em 2015, mas a expectativa é que o setor esboce uma reação a partir do quarto mês do ano e tenha um desempenho 5% superior ao que registrarmos em 2015”, declara Conz.
Para ele, a construção civil também participará desses resultados, pois muitas construtoras estão ajustando seus lançamentos ao poder aquisitivo dos brasileiros. “O mercado de compra da casa própria também foi bastante afetado por esse cenário de incertezas econômicas e precisa de adequar à nova realidade”, acrescenta.
A Pesquisa Tracking Mensal da Anamaco indicou ainda que continua alto o pessimismo dos lojistas com relação às ações do governo, apesar de ter apresentado uma pequena melhora em novembro, ao cair de 58% para 53%. A intenção de contratar novos funcionários também retraiu no mês no Sudeste, Nordeste e Norte e ficou estável no Sul e Centro-Oeste. Já a pretensão de novos investimentos nos próximos 12 meses cresceu 5% em novembro, na comparação com outubro.