Os fundos de investimento no Brasil apresentaram em 2014 o pior ano em termos de captação desde 2008. No acumulado do ano, o resgate líquido, que considera o volume captado menos a saída no período, foi de R$ 7,3 bilhões. Em dezembro, os saques líquidos foram de R$ 20,1 bilhões, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Considerando os fundos estruturados, o resgate líquido alcançou R$ 1,1 bilhão no ano.
A maioria das categorias registrou resgate, sendo que a maior saída veio dos fundos Renda Fixa, com resgate líquido de R$ 40,8 bilhões. No outro sentido, o fundo referenciado DI foi líder isolado em captação líquida no acumulado de 2014, com entrada de R$ 45,4 bilhões.
“Tivemos um ano desafiador para a economia, tanto no cenário doméstico quanto internacional, com o crescimento da aversão ao risco por parte do investidor. Este ambiente contribuiu para o aumento da captação em fundos de maior liquidez e com menor exposição às oscilações da taxa de juros, como os Referenciados DI”, afirmou, em nota, o vice-presidente da entidade, Carlos Massaru.
Outra modalidade que apresentou mais captação do que saque, segundo a associação, foram os de Previdência, com R$ 32 bilhões. Também registrou mais entrada que saída a categoria de fundos exclusivos, que ficaram positivos no ano em R$ 4,847 bilhões.
Os fundos multimercados voltaram a apresentar boa rentabilidade no ano passado. Entre todas as modalidades, os multimercados trading foram líderes em ganhos em 2014, com rentabilidade de 14,53% no acumulado. Em seguida quem aparece é o multimercado estratégia específica, com ganhos acumulados de 13,97% no período, e o long and short – neutro (+ 12,97%).
Além dos multimercados, diante da escalada dos juros, os fundos de renda fixa se tornaram destaque no ano. Entre as categorias, o de Renda Fixa apresentou alta de 11,51% em 2014; o Referenciado DI de 11%; o Renda Fixa Crédito Livre de 10,79% e o Renda Fixa Índices de 12,54%.
As maiores perdas ficaram concentradas entre os fundos de renda variável, aponta a entidade. A modalidade Ações Setoriais, por exemplo, acumulou perda de 16,07% no ano passado. O Ações Small Caps perdeu, no período, 9,34%.
Em dezembro do ano passado a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou as novas regras para fundos de investimento, assim como a nova definição do investidor qualificado e a criação da figura do investidor profissional. Além da reforma da 409, que completou dez anos e que será substituída pela instrução 555/14, a autarquia anunciou hoje também mudanças em relação à classificação dos investidores. O investidor qualificado passa a ser aquele com aplicações financeiras superiores a R$ 1 milhão, ante um corte anterior de R$ 300 mil. Já o investidor profissional passa a ser aquele com um volume total de aplicações de mais de R$ 10 milhões.
Outro destaque para a nova instrução dos fundos de investimento foi o aumento do limite para investimentos dos fundos de varejo e os destinados para os investidores qualificados no exterior, indo para 20% e 40% respectivamente.