A Agência Nacional do Cinema (Ancine), em uma decisão em conjunto com uma câmara técnica formada por profissionais da indústria cinematográfica brasileira, optou limitar a ocupação das salas de cinema por apenas uma produção, com a criação de um teto limite de salas disponíveis em cada estabelecimento a partir de janeiro de 2015. Após a última reunião da agência com a câmara técnica, no Rio de Janeiro, na tarde de ontem, as partes chegaram a um acordo, mas o compromisso só será assinado na próxima semana. Os encontros, realizados mensalmente, buscavam soluções autorreguladoras para deficiências mercadológicas encontradas pela entidade.
A medida chega justamente um mês depois do lançamento de Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1, que ocupou 1,3 mil salas de cinema do País – praticamente metade do existente no Brasil que, segundo a Ancine, está em 2,8 mil. O grande blockbuster da semana, O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, chegará a 1.037 salas a partir desta quinta-feira, 11.
O texto da notícia reguladora publicado pela agência já indicava o caminho para um limite de ocupação das produções em cada estabelecimento com salas de cinema (como shoppings centers, por exemplo). A proposta da Ancine juntamente com a câmara técnica é encontrar uma forma de evitar que determinado filme ocupe grande parte das sessões em um mesmo local, limitando as opções para o público, algo que, segundo o texto, “tende a prejudicar a atividade de exibição como um todo e constituir padronização e simplificação indesejáveis na fruição de bens culturais”.
A prática de distribuição em massa é atualmente facilitada por conta do processo de digitalização e ampliação das salas de cinema prometidos pelo Ministério da Cultura e Ancine desde dezembro do ano passado, com o investimento de R$ 310 milhões. Atualmente, cerca de 60% das salas do País já são digitais e prevê-se que até o primeiro semestre do ano que vem, a digitalização chegue à totalidade no Brasil.
O projeto regulatório tomará como base a medida adotada na França, na qual foi estabelecido que cada produção poderá ocupar apenas 30% das salas de cada complexo. A porcentagem no Brasil não foi decidida.
A proposta não prevê limitar o número de cópias de determinada produção, mas sim ampliar a capilaridade dos lançamentos, levando-os a locais do país que não costumam receber os blockbusters. A medida também visa garantir a diversidade de produções nas salas do País.