Andrés Sanchez espera que o presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, tenha aprendido após o susto de quase sofrer um processo de impeachment, e mude de postura a partir de agora. Uma das maiores reclamações contra o dirigente é o fato de ele ser supostamente centralizador e não aceitar dividir funções no clube.
“É óbvio que um clube do tamanho do Corinthians tem que delegar e dividir o poder. Não dá para ver tudo do clube sozinho. É importante que ele tenha percebido isso”, disse o ex-presidente, que chegou a se afastar de Roberto de Andrade, mas garante estar disposto a ajudar o atual presidente a reconquistar a confiança e credibilidade de seus aliados.
Andrés admitiu que viu erros na gestão de Roberto de Andrade, mas nada que pudesse ser motivo para sua destituição do cargo. “Desde o começo é ruim para o clube. Presidente errou na administração, mas não cometeu dolo. Desde que se falou de impeachment, o Corinthians passou a perder muito com isso e agora esperamos que tudo fique mais calmo”, projetou o ex-presidente corintiano e hoje deputado federal.
O cargo político que ocupa atualmente, inclusive, é apontado por Andrés como o motivo para ele não conseguir mais participar do dia a dia do clube como outrora, mas garante que dará apoio total na reconstrução da estrutura política que Roberto de Andrade terá de promover para terminar seu mandato, que vai até fevereiro de 2018.
“Eu não tenho tempo e, por isso, só dou opinião. Hoje, eu estou em Brasília, mas tem gente competente aqui para ajudar o presidente”, disse o ex-presidente.
Roberto de Andrade admite que pode ter cometido exageros, mas está disposto a rever suas atitudes. “Tudo é aprendizado. Estou apresentando todo dia e o bom disso tudo é que nesses quatro ou cinco meses de movimento político a gente percebeu quem quer o bem do clube e do presidente. Isso dá para a gente se unir, ouvir mais pessoas e deixar de ouvir outras”, comentou.
Na noite da última segunda-feira, Roberto de Andrade escapou de passar por um processo de impeachment após a votação para julgar os atos do dirigente sequer ser realizada, após muita confusão na reunião entre conselheiros do Corinthians no Parque São Jorge. Uma votação prévia já foi suficiente para ele se livrar de qualquer punição e garantir a manutenção de seu mandato atual.
O presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Guilherme Strenger, decidiu abrir votação de admissibilidade do processo contra Roberto de Andrade. Os conselheiros tinham que falar se concordavam ou não com a realização da votação para definir o futuro do dirigente. Existia uma brecha no estatuto do clube que permitia a realização desta “pré-votação” e Strenger decidiu utilizá-la.
No fim, compareceram 266 conselheiros dos 341 possíveis do clube e 183 optaram para que não fosse realizada a votação. Oitenta e um disseram sim, houve ainda um voto em branco e mais um voto nulo. Com a decisão, não houve aprovação dos motivos da convocação para a análise dá destituição do presidente e ele permanecerá no cargo.
O processo contra o dirigente teve início em 22 de novembro do ano passado, quando 63 conselheiros entregaram ao Conselho Deliberativo do Corinthians o pedido de saída de Roberto de Andrade. A acusação era de assinaturas fraudulentas do dirigente em contratos do Itaquerão e em ata de reunião em que ele teria assinado como presidente antes de assumir o cargo.