O economista escocês Angus Deaton venceu o Prêmio Nobel de Economia de 2015 nesta segunda-feira. A Academia Real das Ciências da Suécia reconheceu o especialista pelo seu trabalho sobre o consumo e relações sociais. Dentre outras questões, Deaton tem tratado sobre como consumidores distribuem sua renda entre diferentes bens e serviços, o quanto as pessoas gastam e quanto salvam para o futuro. O acadêmico também se dedicou a desenvolver métodos para medir a pobreza e o bem-estar.
Em uma conferência com jornalistas em Estocolmo, Deaton disse que estava encantado em ter recebido o prêmio. “Eu sabia que era uma possibilidade, mas todos os anos as chances são tão pequenas”, notou. O economista também se descreveu como uma “pessoa que está preocupada com os pobres do mundo, com o modo pelo qual as pessoas se comportam e com o que lhes dá uma vida boa”.
Deaton tem 69 anos de idade e trabalha na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Como prêmio, o acadêmico deve receber uma recompensa financeira estimada em US$ 1 milhão. “Ao ligar escolhas individuais detalhadas e seus resultados agregados, sua pesquisa ajudou a transformas os campos da microeconomia, macroeconomia e da economia do desenvolvimento”, informa a instituição sueca. O vencedor do ano passado foi o economista francês Jean Tirole.
O economista escocês promoveu uma avaliação positiva do progresso humano durante os últimos 250 anos em seu livro “A Grande Fuga”, publicado em 2013. “A vida está melhor agora do que em qualquer outro período da história”, escreveu Deaton. “Mais pessoas estão mais ricas e poucas vivem em pobreza extrema. As vidas estão mais longas e pais não assistem rotineiramente à morte de um quarto de seus filhos”, acrescenta. Nas 370 páginas da obra, Deaton se dispõe a explicar porque o mundo é hoje um lugar melhor, com avanços substanciais na riqueza, saúde e longevidade, mas também porque há amplas desigualdades entre nações.
O acadêmico também concluiu que iniciativas de ajuda internacional têm pouco a ver com o progresso e sugeriu que livre comércio e novos incentivos para as empresas farmacêuticas podem ter uma maior contribuição no futuro. Os ataques aos esforços supranacionais de auxílio foram criticados pelo magnata Bill Gates, que também atua no terceiro setor.
Como parte de seu trabalho acadêmico no início dos anos 80, em Edimburgo, Deaton desenvolveu novos métodos para estimar como a demanda por determinado bem depende do preço de todos os bens e da renda individual. Essa abordagem se tornou padrão na academia e tem sido utilizada para o desenvolvimento de políticas públicas. Em artigos na década de 90, o economista traçou paralelos entre o consumo e a renda individuais e efeitos sobre a renda agregada. Mais recentemente, o especialista tem sublinhado como medidas confiáveis de níveis de consumo familiar podem ser utilizadas para discernir mecanismos por detrás do desenvolvimento econômico.
Ao conceder o prêmio, a Academia Real das Ciências da Suécia destacou o uso efetivo de pesquisas domiciliares para lançar a luz sobre a relação entre renda e questões como o consumo de calorias e a discriminação de gênero na família. “Em essência, esta é a economia aplicada em sua melhor forma”, afirmou Torsten Persson, o secretário do comitê para o prêmio de Economia. “O professor Deaton ajudou a transformar a Economia do desenvolvimento de um campo que costumava ser largamente teórico e baseado nas contas nacionais a uma área florescente baseada em dados micro ou individuais”, acrescenta. Fonte: Dow Jones Newswires e Associated Press.