Economia

Antes de resgate, PT retirou 128 mi doBES

Antes da intervenção no Banco Espírito Santo (BES), a Portugal Telecom retirou 128 milhões (R$ 389 milhões) que estavam depositados na instituição financeira. Fonte oficial da PT confirmou nesta terça-feira, 5, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a holding “não tem qualquer depósito no BES a esta data”.

A tele informou, em comunicado, no dia 30 de junho, que possuía os 128 milhões na instituição por meio da sua holding ( 106 milhões) e de duas subsidiárias, a PT International Finance BV e a PT Portugal SGPS ( 22 milhões). A empresa também declarou que o valor representava a “totalidade de exposição ao BES e ao Grupo Espírito Santo”.

Com o saque, a companhia fica livre da determinação do Banco de Portugal de transferir para o “BES ruim” os depósitos dos acionistas com mais de 2% do capital.

O banco central português anunciou na noite de domingo, 3, a intervenção no BES, sendo que a maior instituição privada do país foi dividida em duas: ativos bons ficarão no novo BES e operações problemáticas no velho BES, o “banco ruim”.

Participação

A PT ainda possui a participação de 2,1% no banco. A tele portuguesa, que está em processo de fusão com a Oi, não informou o que será feito em relação a essa fatia. Anteontem, o Bradesco, que tem participação de 3,9% no BES, declarou que estima perdas de R$ 356 milhões no seu lucro do terceiro trimestre do ano.

De acordo com o jornal português Diário Económico, a participação, detida por meio do Fundo de Pensões e Cuidados de Saúde em Portugal, corresponde a uma exposição negativa de 116 milhões. Outro jornal português, o Público, informou que a participação qualificada no banco estava avaliada em 89 milhões em 2013.

Levando-se em conta apenas as cotações de 1º de agosto, último pregão do BES na Bolsa de Lisboa antes da intervenção, a fatia de 2,1% valeria apenas 14 milhões, tendo em vista um valor de mercado de 674 milhões.

Apenas em seu último pregão, as ações do BES fecharam em baixa de 40,3%. No acumulado do ano, os papéis perderam 87,22%, com a queda se acentuando no mês de junho, com o agravamento da crise.

Segundo o Diário Económico, o prejuízo, porém, poderá não ser assumido nos resultados da operadora, uma vez que o fundo tem um horizonte de investimento de 30 anos, no qual a perda pode vir a ser recuperada com ganhos em outros ativos.

No mês passado, a tele portuguesa levou um calote de 897 milhões de uma das empresas do Grupo Espírito Santo (GES), a Rioforte, o que atrapalhou o processo de fusão com a brasileira Oi.

Por causa da dívida, os acionistas brasileiros se movimentaram para mudar a estrutura da nova empresa a ser criada após a fusão, a CorpCo.

Após a renegociação, o investimento em títulos podres foi transferido para a holding da PT, que teve a sua participação na “nova Oi” reduzida. O porcentual dos portugueses caiu de 37,3% para 25,6%. A fatia poderá ser retomada pela PT em até seis anos.

Sócios brasileiros da Oi ouvidos ontem pelo Broadcast informaram que ainda não se sabe se a participação da tele portuguesa no BES trará algum impacto para a fusão com a empresa brasileira. (Colaborou Vinicius Neder)

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