Cidades

Antes vilã do Tietê, Guarulhos evolui no tratamento do esgoto

Nesta quarta-feira, 22/9, é celebrado o Dia do Rio Tietê, um dos mais importantes do Estado de São Paulo e que corta todo o interior paulista, na direção de leste a oeste. O Tietê tem 1.136 quilômetros de extensão a partir de sua nascente em Salesópolis, até desaguar no rio Paraná, na divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Uma das cidades contempladas pelas águas do mais tradicional rio paulista é Guarulhos, considerada também durante muitos anos a grande vilã de sua poluição. Em janeiro de 2017, o município tratava apenas 2% do esgoto que produzia, resultado da falta de investimentos ao longo de décadas. Contudo, a realidade tem sido gradualmente transformada e, até 2023, Guarulhos deve chegar a 40% no índice. “Guarulhos jogava todo o seu esgoto no rio e tínhamos a fama de maior poluidor do Tietê. Por isso, temos orgulho de estar avançando tanto nesse sentido”, enfatizou o prefeito Guti, ao GuarulhosWeb.

No ano passado, em coletiva de imprensa, o governador João Doria chegou a culpar Guarulhos pela poluição do Tietê e criticar as gestões passadas da cidade. “O esgoto de Guarulhos não vai para o Rio Pinheiros e sim para o Tietê e, por isso que eu tenho dito sempre que a despoluição do Rio Tietê vai levar mais tempo do que a despoluição do Rio Pinheiros, e a principal razão, infelizmente, é a cidade de Guarulhos, com um milhão e meio de pessoas e a desatenção completa que tinha no passado em relação ao tratamento de esgoto e o fornecimento de água à população”, afirmou Doria.

“Lamento dizer que as gestões do PT à frente do governo de Guarulhos impediram que um programa de saneamento pudesse ter sido executado há mais de uma década na segunda maior do cidade do estado de São Paulo, uma cidade com um milhão e meio de habitantes”, completou o governador, em entrevista concedida em outubro de 2020.

As gestões citadas por Doria são, respectivamente de Elói Pietá (2001-2008) e Sebastião Almeida (2009-2016). Ambos do PT. Durante a gestão petista, a dívida do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) saltou de pouco mais de R$ 200 milhões para quase R$ 3 bilhões, um avanço de 1.500%. O prefeito Guti repassou o serviço à Sabesp em troca do perdão da dívida bilionária com o Estado.

“Agora sim. Desde fevereiro deste ano a Sabesp iniciou um programa de tratamento de esgoto e já conseguiu subir de 4% para 20% o nível de tratamento de esgoto, que até então integralmente era jogado no Rio Tietê e gradualmente nós vamos subir esse índice até termos a 100%”, concluiu Doria na ocasião.

Desde 2019, com o início da parceria com a Sabesp, a cidade ampliou a capacidade das três estações de tratamento (ETEs) de Guarulhos (São João, Bonsucesso e Várzea do Palácio) e deve chegar a 40% do esgoto tratado até o final desse ano, começo de 2022.

Nos próximos quatro anos serão investidos R$ 450 milhões apenas no tratamento de esgoto em Guarulhos. Nesse período 60% dos dejetos produzidos na cidade já deverão estar tratados. Portanto, nesse intervalo de tempo, o município deixará de ser, proporcionalmente, o maior poluidor do rio Tietê.

Em 1992, início do Projeto Tietê, o índice de coleta de esgoto era de 70%, hoje está em 92%. Já o tratamento do esgoto coletado saltou de 24% em 1992 para 83% atualmente. Ao todo, a Sabesp investiu US$ 3,1 bilhões nas obras, construindo no período 4.650 km de redes coletoras, coletores-tronco e interceptores de esgoto. Em linha reta, é o mesmo que implantar tubulação de São Paulo até Bogotá, na Colômbia.

Redução da Mancha

De acordo com a SOS Mata Atlântica, a mancha de poluição do Rio Tietê alcança hoje 85 km. Em 2020, essa mancha tinha 150 km. No início dos anos 1990, ela se estendia por mais de 500 km. Além da redução da mancha, houve aumento dos trechos do rio com qualidade boa: hoje são 124 km ante 94 km no ano anterior. O trabalho realizado pela Sabesp no Projeto Tietê vem contribuindo para a diminuição dessa mancha, que apresenta tendência de queda histórica desde a década de 1990, ainda que com flutuações momentâneas. A limpeza de rios não depende só do saneamento. O descarte adequado do lixo por toda a sociedade e a coleta regular do lixo pelas prefeituras são fatores fundamentais para a melhoria gradativa das águas, assim como o controle do uso e ocupação do solo, principalmente nas várzeas dos rios e córregos.

Desafios

As obras realizadas pelo Projeto Tietê, em sua maior parte, são subterrâneas. Aquelas obras que ninguém vê e, quando tem a oportunidade de conhecer, se surpreende. Tubulações implantadas até mais de 20 metros de profundidade, que se deparam com interferências subterrâneas, ao lado de grandes avenidas, rios, mas também em espaços mínimos, no meio de um conglomerado de imóveis, o que torna o desafio ainda maior. Método subterrâneo com tecnologia de ponta perfura o subsolo para implantar, com o menor impacto possível para os transeuntes e motoristas, tubulações de grande porte que levam o esgoto coletado dos imóveis até uma estação de tratamento de esgotos por quilômetros da nossa metrópole.

Posso ajudar?