O prefixo "anti" por definição indica algo que vai em oposição à palavra que o sucede. Ao introduzir o conceito de antifrágil, o escritor líbano-americano Nassim Taleb define alguém que aceita mudanças, resiste a choques e se torna melhor ante as adversidades. Para os empresários Adriana e Romeu Trussardi Neto, fundadores da Trousseau e personagens que dão continuidade à série Antifrágeis, a antifragilidade construída durante os quase 30 anos de empresa foi testada nos últimos meses. "Essa quarentena foi uma prova muito consistente do que é ser o antifrágil. Em um primeiro momento, todos nos sentimos muito fragilizados pelas incertezas que essa pandemia trouxe para todo o Brasil e para o mundo. Ao mesmo tempo, decidimos também focar e tivemos uma evolução necessária que nos impressionou", comentam.
A marca paulistana especializada em artigos para casa que está presente em mais de 50 pontos de venda espalhados pelo Brasil, com presença internacional e lojas próprias em Miami, nos Estados Unidos, foi fundada em 1991 pelo casal. Atuante no mercado de luxo, a Trousseau conta com um mix de produtos focados em roupas de cama, banho, homewear e artigos para casa. Como empreendedores, os Trussardis creditam a habilidade de resistir às crises econômicas e de se adaptar como fatores responsáveis pelo seu sucesso. "Esse conceito de antifrágil se aplica a todas as empresas que conseguem sobreviver por muito tempo. A vida de uma empresa tem vários ataques e várias mudanças pelas quais temos de passar. Os empreendedores e suas equipes têm que saber primeiro identificar o que é um ataque que merece defesa, e o que é uma mudança dos seus clientes, dos seus fornecedores ou do ambiente no qual estamos convivendo, para que assim possamos fazer adaptações. No caso da Trousseau, no mercado há quase 30 anos, passamos por inúmeras situações que trouxeram oportunidades para nos reinventarmos e conseguir crescer."
Assim como nos contou Luiza Helena Trajano, empresária que abriu a série no domingo passado, Adriana e Romeu Trussardi Neto creditam parte de sua antifragilidade ao aspecto humanístico e coletivo da empresa quando dizem que veem sua equipe como um importante sinal de evolução da marca. "Podemos dizer que nossa empresa é uma família onde um dos maiores alicerces é o respeito à opinião de quem trabalha conosco, ouvir com atenção. Isso nos torna muito ágeis nas adaptações durante grandes mudanças. A maneira com a qual montamos nossa equipe é um ponto importante da vida da Trousseau." Valores que se refletem em ações sociais da marca como a iniciativa "Trousseau do Bem", que existe há 21 anos e destina parte das suas vendas durante o mês de março à compra de cestas básicas. Em 2020 foram adquiridas 10 mil unidades, compartilhadas entre 26 entidades beneficentes espalhadas pelo Brasil.
Para o casal Trussardi, empreendedorismo e antifragilidade estão fortemente conectados. A cultura de empreender faz parte do nosso país. A pesquisa GEM de 2019, realizada no Brasil com o apoio do Sebrae, colocou o Brasil em posição de destaque entre os 55 países que participaram do levantamento, com taxa de empreendedorismo inicial (com negócios de até 3,5 anos de existência) em 23,3% e Taxa de Empreendedores Estabelecidos (empresas com mais de 3,5 anos) em 16,3%, categoria que coloca o país na 2.ª maior marca Global. Sobre o assunto, Romeu Trussardi comenta: "O Brasil é um país de empreendedores que são desafiados constantemente, a todo o momento temos de buscar novas soluções visando atingir uma estabilidade econômica".
"Podemos dizer que os últimos meses foram equivalentes a 5 ou 6 anos em termos de adaptação, evolução e obsessão por manter nossa estrutura funcionando, respeitando todos os protocolos, mas não nos deixando abater. Nossa decisão foi a de enfrentar a situação pensando inicialmente em nossa equipe, em como apoiá-los neste momento. Nós estávamos nos sentindo vulneráveis aos cenários e pensamos muito em como nossos quase 300 colaboradores diretos e centenas de indiretos estavam se sentindo. Vimos a Trousseau como um caminho para amenizar as suas vidas. Recorremos ao que mais acreditamos, a fé, para que tomássemos as decisões mais acertadas onde muitas dúvidas aparecem. Hoje, chegamos a uma fase, quase pós-pandemia, com orgulho dessa equipe que conseguiu interpretar a necessidade dos nossos clientes para estar ao lado deles", concluem. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>