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Anvisa autoriza estudo clínico com proxalutamida no tratamento da covid-19

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta segunda-feira, 19, a realização de um estudo clínico para avaliar a segurança e a eficácia do medicamento proxalutamida no tratamento da covid-19. O estudo envolverá 12 voluntários do estado de Roraima e outros 38 de São Paulo.

A Anvisa informou que o estudo é de fase três, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo. A substância será ministrada em participantes ambulatoriais do sexo masculino com covid-19 leve a moderada. Ainda não há comprovação sobre a eficácia do medicamento no tratamento para a covid e ele não deve ser usado para este fim.

O ensaio clínico é patrocinado pela empresa Suzhou Kintor Pharmaceuticals, sediada na China. Além do Brasil, os testes também serão realizados na Alemanha, Argentina, África do Sul, Ucrânia, México e Estados Unidos.

O medicamento é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e pessoas próximas a ele desde março. Na época, um grupo de pesquisadores havia apresentado dados de um estudo com a proxalutamida feito no Amazonas. Os testes não foram detalhados em artigo científico ou analisados por cientistas independentes, mas o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, fez uma publicação em seu Twitter exaltando os resultados preliminares da pesquisa.

Em entrevista ao <b>Estadão Verifica</b> em março, um dos coautores do estudo, Carlos Wambier, afirmou que os pesquisadores não confirmam que a proxalutamida seja a cura para a covid-19. Wambier é professor assistente do Departamento de Dermatologia da Universidade de Brown, nos EUA. Ele falou que ainda são necessárias mais investigações sobre o remédio, inclusive para validar se o mesmo efeito pode ser observado em diferentes populações e com variantes virais.

Um mês depois, em abril, o presidente falou sobre os supostos benefícios do remédio em uma live em sua página no Facebook ao lado do médico Hélio Angotti Neto, secretário nacional de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde. Na época, Angotti disse que a droga se mostrava "muito promissora", apesar de não haver estudos clínicos publicados que comprovem a afirmação.

No último domingo, ao deixar o Hospital Vila Nova Star, onde estava internado em São Paulo com um quadro de obstrução intestinal, o chefe do executivo voltou a falar do remédio. "Tem uma coisa que eu já acompanho há algum tempo, e nós temos que estudar aqui no Brasil, chama-se proxalutamida", afirmou. O presidente mencionou que pediria uma investigação sobre o medicamento.

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