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Ao se estabelecer como escritor, David Duchovny segue os passos do pai

Ao se estabelecer como escritor, David Duchovny segue os passos do pai, que lançou um único romance, três anos antes da morte. Cheio de metáforas e humor inteligente, Holy Cow é quase como se Fox Mulder, o agente especial do FBI interpretado por Duchovny ao longo de nove temporadas e dois filmes, decidisse escrever uma história amalucada.

De escrita leve o suficiente para um público mais jovem, e cheio de referências de cultura pop antigas o suficiente para agradar aos pais e adultos, o livro brinca com o fantástico. O próprio autor pede desculpas pela liberdade poética de se ter uma vaca escrevendo uma história (afinal, como ela escreve e fala?), embora seja incapaz de usar um iPhone – isso é a especialidade do peru Joe que parte com ela nessa jornada pelo mundo, em busca de uma vida melhor na Turquia, Israel e Índia.

É com o terceiro elemento dessa turma de animais que Duchovny faz uma ligação direta e pessoal com o passado. O porco Shalon converte-se ao judaísmo, religião do pai do ator e escritor, e pretende ir para Israel, onde seria odiado, mas nunca transformado em alimento. Em um momento peculiar da jornada, o suíno se encontra encurralado entre israelitas e palestinos, hostilizado por ambos. Os dois lados da briga selam a tão sonhada paz pelo ódio ao porco. “Acho que existe algo hereditário aí, mesmo”, diz também o autor. “Mas é também uma coisa menos direta, algo que vá atrás do humor judeu de Nova York, entende?”

Duchovny escreveu Holy Cow nas primeiras horas do dia. Acordava normalmente às 4h, antes mesmo que os filhos começassem a se aprontar para a escola. Escreveu no computador, embora carregasse consigo um bloquinho para as ideias que chegassem na hora indevida.

Há, ao fim do livro, uma mensagem sobre vegetarianismo – afinal, depois de ler 200 páginas da história de uma vaca, quem vai degustar um filé sem peso na consciência? As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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