Se a nova geração de destaque do Brasil no automobilismo tem sobrenomes conhecidos como Fittipaldi e Piquet, a próxima poderá ser liderada por um garoto de nome ainda pouco conhecido. E nem poderia ser diferente. Afinal, Miguel Costa tem apenas 11 anos. Mas já é considerado um talento precoce. Ele acumula elogios entre os veteranos do País e se tornou o mais jovem brasileiro a integrar uma academia de jovens pilotos da equipe Sauber.
Miguel vem chamando mais atenção fora do País. Não por acaso. Ele nasceu em Miami, nos Estados Unidos, e nunca morou no Brasil. Mesmo assim, tem dupla cidadania. Seus pais, brasileiros, são seus maiores incentivadores.
"Foi meu pai que me mostrou a primeira corrida de Fórmula 1 na TV. Ele corria de kart, é piloto amador. E me levou para uma corrida de leve. Eu fui para a pista e adorei a sensação desde a primeira vez que dirigi. Eu tinha só três anos", afirmou ao Estadão o jovem talento, com leve sotaque americano. "Eu me apaixonei pela corrida. Queria fazer mais e mais. Ia sempre para a pista, todo final de semana".
A prática constante levou o menino às primeiras competições já aos cinco anos. Foi quando estreou em competições regionais antes de disputar o SKUSA, um dos campeonatos mais tradicionais de kart no mundo. Em 2017 ele foi o mais jovem piloto a vencer uma etapa do Florida Winter Tour. Quando não está na pista, Miguel corre para o simulador. Ele admite que, se os pais deixarem, fica o dia todo em função do kart. "Eu chego em casa da pista e vou para o simulador".
A rápida evolução credenciou o garoto para disputar o Desafio Virtual das Estrelas, competição online realizada para movimentar os pilotos brasileiros em meio à pandemia. Miguel disputou contra pilotos do calibre de Felipe Massa, Rubens Barrichello e Enzo Fittipaldi. E não se intimidou. Foi a sensação do evento, terminando no sétimo lugar geral entre 53 competidores. O menino de 11 anos foi o único a chegar no Top 10 em nove das 10 provas.
Mais importante que a colocação final foram os elogios colhidos ao fim da disputa. "Eles me elogiaram bastante, falaram que estou indo muito bem. Fui bem em quase todas as corridas. Adorei muito", disse Miguel, que já conhecia pessoalmente alguns rivais, como o próprio Massa.
Acompanhando a carreira do garoto desde o início, o ex-piloto da Fórmula 1 até já brincou com o pai de Miguel ao chamá-lo de "insano" por ter permitido ao menino, ainda com cinco anos, pilotar karts do tipo Rok e Rotax, os mais potentes da categoria.
O bom resultado e os elogios confirmaram o que a Sauber já havia notado no brasileiro. No início do ano, Miguel foi incluído na academia de jovens pilotos do time, que pertence agora à Alfa Romeo. "Eles me ajudam muito, me forneceram um treinador. Acho que fui em sete ou oito corridas com eles na Itália", afirmou o brasileiro, que sonha com a possibilidade de testar o simulador da sede da Sauber. O passo seguinte será acompanhar in loco um GP de Fórmula 1.
A entrada na academia é o primeiro passo de Miguel para realizar o seu sonho de se tornar piloto da principal categoria de automobilismo do mundo. No momento, a sua referência é o alemão Sebastian Vettel, mas ele também se diz fã dos brasileiros Ayrton Senna, Massa, Rubinho e Emerson Fittipaldi.
Em meio à pandemia, Miguel sente falta das corridas, ainda distantes. Mas segue praticando no simulador. Aluno da quinta série nos Estados Unidos, agora espera ansiosamente o final do ano letivo na próxima semana. O motivo? Passar todo o seu tempo entre as pistas de kart e o simulador.