O hoje de Sophia Ardessore, o que ela faz aqui e agora, é uma esperança. Aos 19 anos, essa jovem cantora que começou a estudar música aos 7 e a dar aulas de piano, canto e violão aos 11 lança um álbum tratado nas composições com carinho e nos arranjos como uma joia, com oito faixas inéditas e a regravação de Jangada de João, de Filó Machado. Distante dos terrenos batidos, Sophia busca material novo com uma gente muito boa e que vive longe de rodas de autores já desgastadas.
Ela é esperança porque seu conceito apurado de canção, fora da curva, quebra as linhas de produção de um cenário sobrecarregado de vozes femininas trabalhadas em duas ou três linguagens tão disruptivas que já se tornaram previsíveis. O álbum de Sophia se chama Porto de Paz e deve parte de suas vitórias às mãos do arranjador e produtor Fi Maróstica. Fi é das limpezas, usa os silêncios para sobressaltar os sons que importam, como na linda Perigo, de Vidal Assis, e deixa o fluxo correr sem obstruir os veios da melodia. Por ser baixista, tem também o groove fundamental do samba Quem Disse Que Eu Disse, de Vidal e Joyce Moreno, e o senso de redução que deixa Copo d Água, sua com Chica Barreto, algo muito especial.
Há uma força além da voz de Sophia que talvez valha tanto quanto ela. É um jeito de pensar a canção num todo quando se está diante de uma composição como Silêncio, outra de Vidal Assis. Ou de experimentar a voz com uma outra intenção para cantar coisas lindas como a amorosa Porto de Paz.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>