Após flexibilização, Alemanha registra aumento de casos

Pouco mais de uma semana após adotar regras de flexibilização para o isolamento social, a Alemanha começa a registrar os primeiros sinais de agravamento da pandemia de coronavírus. Ontem, pelo segundo dia seguido, o instituto Robert Koch, que acompanha a evolução do vírus, relatou um aumento dos índices de infecção e de letalidade da doença.

De acordo com o instituto, o índice de infecção voltou ao patamar de 1,0. Isto significa que cada pessoa doente de covid-19 contamina outra pessoa. Esta é a primeira vez que o índice atinge 1,0 desde que a Alemanha registrou 0,7, o ponto mais baixo, em abril.

Ontem, Lothar Wiele, diretor do Roberto Koch, voltou a pedir que os alemães respeitem as regras rigorosas de isolamento social. "No contexto da flexibilização (de restrições), temos de garantir que a gente possa continuar a defender o sucesso que alcançamos juntos", disse Wiele. "Não queremos que o número de casos suba novamente", afirmou.

O governo autorizou a reabertura de lojas com até 800 metros quadrados, juntamente com revendedores de carros e livrarias, embora estabelecimentos e clientes devam manter as regras de distanciamento social. Ontem, os varejistas voltaram a pressionar as autoridades para permitir a reabertura de todas as lojas a partir do dia 4.

O governo alemão, no entanto, tem sido extremamente cauteloso, especialmente a chanceler, Angela Merkel, que há pelo menos duas semanas vem alertado para o risco de retomar as atividades econômicas cedo demais. "Ninguém gosta de ouvir isso, mas é a verdade é que ainda não estamos na fase final da pandemia. Estamos apenas no começo", disse Merkel, na semana passada, em discurso no Parlamento.

<b>Relaxamento</b>

Enquanto a Alemanha se preocupa com uma segunda onda da pandemia, outros países da Europa divulgaram um cronograma para acabar com a quarentena. Com números de mortes e contaminados apresentando pequenas quedas a cada dia, Espanha e França anunciaram ontem a flexibilização das regras de confinamento.

Ao Parlamento, o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, disse que a quarentena salvou "dezenas de milhares de vidas", mas que é hora de flexibilizar as restrições para evitar o colapso econômico. O número de mortos na França ultrapassou 23 mil, na segunda-feira, o quarto mais alto do mundo, atrás de EUA, Itália e Espanha.

O governo francês tenta aproveitar que as taxas de infecção estão caindo para resgatar a economia, embora Philippe tenha dito que a população terá de se adaptar a uma nova maneira de viver. "Vamos ter de aprender a conviver com o vírus", afirmou. O desafio em Paris é encontrar um equilíbrio entre retomar as atividades sem que haja o risco de uma segunda onda de infecções.

De acordo com o premiê, a França começará a deixar o isolamento em 11 de maio, a menos que não seja seguro. "Se os indicadores não estiverem adequados, não vamos flexibilizar o isolamento ou o faremos com mais rigor", afirmou. Até lá, segundo ele, a França terá capacidade para realizar 700 mil testes por semana, todos pagos pelo governo.

Quem também decidiu flexibilizar o confinamento ontem foi o governo da Espanha, que optou por uma retomada gradual da economia, em um processo que deve terminar no final de junho.

"Na melhor das hipóteses, a fase de desaceleração em direção a esse novo normal terá uma duração mínima de seis semanas e queremos que a duração máxima seja oito semanas para todo o território", disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. "Será a recompensa pelo gigantesco esforço coletivo que realizamos nas últimas semanas. Conseguimos achatar a curva de disseminação da epidemia."

O confinamento espanhol, o mais rigoroso da Europa, já teve um leve relaxamento no domingo, quando crianças tiveram autorização para caminhar ou brincar na rua durante uma hora por dia. No próximo fim de semana, o país dará mais um passo, permitindo que os adultos saiam para fazer exercícios ou passear.

Após uma fase de preparação, provavelmente em 11 de maio, restaurantes, lojas, hotéis e locais de entretenimento começarão a abrir gradualmente, embora com capacidade reduzida, observando "rigorosamente" as medidas de segurança e higiene, segundo Sánchez.

As escolas permanecerão fechadas até setembro. Até o fim do processo, o movimento de pessoas entre as regiões não será permitido, enquanto o uso de máscaras "será recomendado", especialmente para o transporte público. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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