Após inquérito por racismo, Weintraub é investigado por ataques a universidades

O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub é alvo de um inquérito aberto pelo Ministério Público Federal (MPF) em Brasília por conta das acusações feitas contra universidades federais, quando ainda integrava o primeiro escalão do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

A portaria de instauração do inquérito civil é do dia 26 de fevereiro deste ano, dois dias depois da mesma Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF) arquivar outra investigação contra Weintraub, sobre o suposto crime de racismo contra chineses.

A investigação anterior foi aberta depois de um post de Weintraub no Twitter no qual o ex-ministro insinuava que a China poderia se beneficiar da pandemia do novo coronavírus. A postagem também parodiava a forma como os falantes nativos do chinês pronunciam o som da letra "R" em português.

A ementa da nova investigação diz que o inquérito civil visa "apurar suposta improbidade resultante de conduta reiterada do Ministro da Educação Abraham Weintraub, consistente em ataques infundados e sabidamente inverídicos às universidades públicas brasileiras". A apuração será tocada pela procuradora Luciana Loureiro Oliveira. Como o inquérito acabou de começar, Weintraub ainda não foi convocado para depor.

Quando ainda era ministro, Weintraub acusou as universidades públicas brasileiras de produzirem drogas ilícitas, sem apresentar provas.

Segundo o ex-ministro, as universidades comportariam "plantações extensivas de maconha".

"Você tem plantações de maconha, mas não são três pés de maconha, são plantações extensivas de algumas universidades, a ponto de ter borrifador de agrotóxico. Porque orgânico é bom contra a soja para não ter agroindústria no Brasil, mas na maconha deles eles querem toda tecnologia a disposição", disse Weintraub em novembro de 2019, em entrevista ao site "Jornal da Cidade Online".

Weintraub disse também que haveria produção de metanfetamina, um estimulante sintético, nas faculdades.

"Você pega laboratórios de química – uma faculdade de química não era um centro de doutrinação – desenvolvendo drogas sintéticas, metanfetamina, e a polícia não pode entrar nos campi", disse.

Em dezembro daquele ano, Weintraub foi convocado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e reiterou as acusações – novamente, sem apresentar provas. O ex-ministro, porém, disse que a responsabilidade pelas supostas plantações de maconha não era dos reitores das universidades.

"Eu não falei em momento algum que a culpa é dos reitores (…). Falei que a situação é tão dramática que há plantação (de pés de maconha) em algumas. Não acusei reitores, professores, técnicos. Eu sou professor concursado de uma universidade federal", disse.

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