Atenção, senhores passageiros com destino a quatro anos do governo Dilma Roussef. Preparem os bolsos porque o Palácio do Planalto planeja comprar uma nova aeronave presidencial pela bagatela de R$ 500 milhões. O valor é só cinco vezes maior que o pago, em 2005, pelo
Aerolula. Na época, o avião – um Airbus-A319 em versão executiva – custou US$ 56,7 milhões (R$ 98 milhões na sexta-feira). E olha que, na ocasião, o caso ganhou grande repercussão, já que a aquisição não foi vista como uma prioridade para o país. Mesmo assim, apesar de todos os protestos e repercussão negativa na imprensa, Lula passou por cima de tudo e de todos como uma avião, consolidando a compra.
Desta vez, sem alarde para evitar a repetição da polêmica que envolveu a compra do Aerolula, o governo negocia a aquisição de um avião maior e mais caro que poderá servir à presidente eleita, Dilma Rousseff, e a seus sucessores. O Aerodilma, caso seja adquirido mesmo com o cenário de contenção de gastos do governo, deverá ser um aparelho europeu da Airbus – um modelo de reabastecimento aéreo A330-MRTT, equipado com área VIP presidencial e assentos normais.
Justificar tal despesa será complicado, como foi em 2005. E, como não poderia deixar de ser, acabará sendofonte certa de desgaste para Dilma, logo no início de seu mandato. Desta forma, a nova compra está sendo camuflada por uma necessidade real. A FAB (Força Aérea Brasileira) precisa substituir seus dois aviões grandes de reabastecimento. São os antigos Sucatões presidenciais, versões com quase 50 anos de uso Boeing-707. Tanto já são carta fora do baralho que, por falta de condições, foram excluídos do último grande exercício aéreo da Força Aérea Brasileira.
Desta forma, o Aerolula passaria a ser utilizado como uma opção aos velhos sucatões. O Aerodilma se tornaria um dos aviões presidenciais, além de outro para completar a substituição necessária. Do ponto de vista técnico, até não haveria problemas. A questão é a necessidade de se investir tanto em uma nova aeronave, se a atual já cumpre bem seu papel e com sobras.
Em vez de buscar um modelo tão caro como o que se articula, a FAB deveria priorizar a compra de outros dois numa faixa de preços inferior, mas que cumprissem o mesmo papel. Também chama a atenção o fato de se buscar no exterior tais possibilidades se o Brasil é exportador de aeronaves de médio e grande porte, através da Embraer.
Pode até ser que a empresa nacional não tenha condições de produzir o modelo nas especificações técnicas necessárias, mas seria importante, antes de mais nada, que se buscasse esgotar todas as possibilidades no mercado interno. Afinal, como tanto alardeou Dilma durante todo o período de propaganda eleitoral, seu lema era fortalecer o emprego no país. Ao adquirir o avião da Airbus, o Brasil vai mais uma vez incentivar a geração de postos de trabalho na França.