Polícia

Apesar da queda nos roubos, sensação de insegurança persiste em São Paulo

Mesmo com a expressiva redução nos índices de criminalidade no estado de São Paulo no primeiro semestre de 2025, a sensação de insegurança ainda é uma realidade para muitos paulistas. Dados da Secretaria da Segurança Pública mostram que os roubos caíram 15,3% em relação ao mesmo período de 2024, atingindo o menor patamar desde o início da série histórica, em 2001. No entanto, especialistas apontam que a percepção da população nem sempre acompanha os números oficiais.

Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 85.530 roubos em todo o estado, contra 100.978 no mesmo período do ano passado. O interior liderou a redução, com queda de 21,4%, seguido pela capital, que teve 14% menos ocorrências.

Outros crimes também apresentaram retração significativa. Os roubos de carga caíram 25,9%, atingindo o menor número desde 2003. Já os roubos de veículos somaram 13.190 casos — uma redução de 13,3% e o menor índice em 25 anos. Em junho, o estado não registrou nenhum roubo a banco.

Sensação de insegurança resiste

Apesar dos avanços, a população ainda se sente vulnerável. Segundo pesquisa da Quaest divulgada em 2025, a violência foi apontada como o principal problema do país por 30% dos brasileiros, superando até a economia.

A promotora Celeste Leite dos Santos, do Ministério Público de São Paulo, alerta que os dados oficiais nem sempre refletem a realidade percebida nas ruas. “Melhorar não significa que ficou bom”, afirma. Ela destaca que, ao incluir latrocínios, mortes em intervenções policiais e lesões corporais seguidas de morte, a taxa de homicídios no estado sobe de 6,4 para 11,2 por 100 mil habitantes.

A cobertura intensa de crimes violentos, especialmente nas redes sociais, contribui para a manutenção do medo. Casos isolados, mas de grande repercussão, acabam moldando a percepção coletiva, mesmo quando os dados mostram uma tendência de queda.

Outro fator que alimenta a insegurança é a desigualdade na distribuição da criminalidade. Regiões periféricas e áreas com menor presença policial ainda enfrentam altos índices de violência, o que reforça a sensação de abandono por parte do poder público.

Produtividade policial em alta

Apesar dos desafios, o trabalho das forças de segurança tem mostrado resultados. No primeiro semestre, 109.995 pessoas foram presas ou apreendidas — o maior número desde 2019. Cerca de 60% das detenções ocorreram em flagrante. Também foram apreendidas 7.128 armas de fogo ilegais, incluindo 121 fuzis, e mais de 115 toneladas de drogas.