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Apesar das commodities, inflação fica acima da meta, dizem analistas

Para economistas ouvidos pelo <b>Estadão/Broadcast</b> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), mesmo considerando o câmbio em torno de R$ 4,70 e o petróleo em US$ 100, como no cenário alternativo do Banco Central, as projeções para o IPCA ficam bem acima do centro da meta em 2022 (3,5%). Na avaliação do economista Leonardo França Costa, da ASA Investments, ficam em 6,50%, este ano, e em 4% em 2023. "Mesmo com as commodities (produtos básicos, como alimentos e minério de ferro) ajudando, a inflação ainda fica acima da meta", diz, citando como desfavoráveis para o índice os níveis altos de serviços e bens industriais. "A política monetária restritiva (a alta de juros) vai ajudar com a inércia de serviços e bens industriais, mas não será tão rápido."

A projeção oficial para o IPCA de França Costa é 7,20%, para 2022, e de 4,20% para 2023, considerando revisão recente do câmbio de R$ 5,50 para 5,10. Para o economista, a perspectiva de eleição conturbada no Brasil e de maior aumento de juros nos países desenvolvidos deve impedir que o dólar continue no nível de hoje.

O economista João Fernandes, sócio da Quantitas Asset, já incorpora a valorização de câmbio para R$ 4,70 na projeção para o IPCA de 2022, atualmente em 8,3%, beneficiando um pouco o IPCA de 2023, projetado em 4,3%. "Mesmo após incorporar essa valorização recente do real nas projeções, continuamos com um cenário acima da meta nos dois anos. No caso de 2022, acima do teto da meta", frisa o economista.

<b>Ritmo</b>

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, argumenta que o repasse cambial para a inflação doméstica é mais rápido e mais forte em momento de depreciação da moeda brasileira. "Devemos ver alimentos e combustíveis melhorando daqui para frente, mas não vejo por que mudar meu IPCA para o ano, que hoje está em 7,7%", considera.

Citando também o repasse mais demorado em momentos de fortalecimento do real, o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, afirma que, quando aparecer, o impacto deve ser relevante, principalmente sobre itens ligados a commodities e bens industriais. Hoje, ele projeta 8,3% para o IPCA em 2022 e entre 4,0% e 4,5% no ano que vem.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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