Esportes

Apesar de fracasso da seleção, CBF festeja lucro recorde graças à Copa no Brasil

Os clubes brasileiros continuam encrencados com suas finanças e no geral convivem com dívidas altíssimas. Já a entidade que os abrigam, a CBF, não tem esse tipo de problema. Ao contrário, lucra cada vez mais. Em 2014, por exemplo, teve faturamento recorde de R$ 519,1 milhões.

A situação super sadia da entidade foi confirmada pelo balanço divulgado em 16 de abril, dia da posse de Marco Polo Del Nero na presidência. A Copa do Mundo certamente contribuiu para os bons números. Mas quando se olha para frente percebe-se que há campo para a CBF faturar muito mais nos próximos anos.

É o que diz o gerente da área esporte total da consultoria DBO, Pedro Daniel. “A Copa foi excepcional, mas isso não quer dizer que a curva acabou. O grosso (do faturamento) não é pontual”, analisa. “Os patrocinadores, na sua grande maioria, são de médio prazo e isso sustenta o crescimento.”

Esse crescimento dos ganhos da entidade, que nos últimos cinco anos praticamente dobrou sua receita, poderá vir de áreas como venda dos direitos de transmissão dos jogos da seleção, cotas de amistosos e até mesmo da promoção do Campeonato Brasileiro, que a entidade organiza.

Além, é claro, de novos acordos de patrocínio, puxados evidentemente pela seleção brasileira. “A seleção é um produto muito valioso e para uma empresa é muito interessante se aliar a ela”, afirma Pedro Daniel. Atualmente, a CBF tem 16 parceiros e pode conseguir muito mais.

IMAGEM INTACTA – Para Pedro Daniel, a derrota por 7 a 1 para a Alemanha que simbolizou o fracasso brasileiro na Copa não abalou o prestígio da seleção. “A marca é muito maior do que uma situação que foi atípica.” E se a CBF passar ela própria a negociar os amistosos – hoje isso é feito por uma empresa para a qual a entidade vendeu os direitos – poderá conseguir cotas que ultrapassem até os US$ 2 milhões que chega a ganhar por jogo atualmente.

No entanto, se as receitas aumentaram, as despesas da CBF também cresceram. Isso se explica pela maior aplicação de recursos em despesas operacionais – itens como competições, cujo gasto em 2014 foi de R$ 58 milhões, “assistência financeira a filiados”, dinheiro entregue a federações (R$ 90 milhões), cujos presidentes passaram a ser remunerados mensalmente.

“As despesas quadruplicaram nos últimos cinco anos, mas ainda assim a CBF tem condições de investir muito mais em competições, por exemplo. O balanço revelou que a entidade tem R$ 124 milhões em caixa”, diz Daniel.

Ele, porém, vê com reserva a política “assistencialista” da entidade em relação aos cartolas de federações. “É bom para a CBF em termos de imagem, mas considero algo constrangedor.”

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