Apetite a risco no exterior, vendas do varejo do Brasil melhores do que o esperado e a sinalização de pacificação na relação entre os Três Poderes impulsionam o Ibovespa nesta sexta-feira, como já ocorrera ontem na reta final do pregão. Com isso, a queda semanal, que era de 1,34%, diminuiu para 0,73% perto de 10h40.
Lá fora, o sinal é positivo nos mercados acionários, em reação à notícia de que os presidentes dos EUA e da China conversaram por telefone, após passarem meses sem fazer contato direto. Às 10h41, o Ibovespa subia 0,60%, aos 116.052,63 pontos.
Já quase na reta final do pregão de ontem, o Ibovespa abandonou a queda, para fechar com valorização de 1,72%, aos 115.360,86 pontos, na esteira da divulgação da carta à Nação pelo presidente Jair Bolsonaro, recuando em relação aos ataques feitos ao STF durante as manifestações de 7 de Setembro. O documento foi elaborado pelo ex-presidente Michel Temer e finalizado por Bolsonaro.
"A perda de força da movimentação dos caminhoneiros ao redor do país também ajudou o clima de "alívio", também após movimentações do Planalto para apaziguar os ânimos", afirma em nota Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.
A expectativa é que o tom conciliador de Bolsonaro após novos ataques e ainda mais duros ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente ao ministro Alexandre de Moraes a quem chamou de "canalha", ajude o governo a retomar a pauta de reformas. Porém, como tradicionalmente acontece, Bolsonaro pode recuar, o que deixa o mercado não tão convicto quanto a eventuais avanços da agenda reformista.
"A princípio, é incontestável um certo otimismo hoje de novo. O mercado dá sempre preferência ao que é mais importante, e, neste caso, era amenizar este clima. Porém, temos vários problemas, como o fiscal, inflação alta e expectativa de alta dos juros para quase 9%", afirma Leonardo Santana, analista da TOP Investimentos.
De acordo com a MCM Consultores, a carta aberta de Bolsonaro foi bem recebida pelos presidentes das duas casas do Congresso e pode melhorar as chances de aprovação de alguns projetos que lhe interessa. "O ambiente político institucional pode melhorar com este gesto do presidente. A dúvida que fica é até quando vai essa trégua", escreve em nota a MCM Consultores.
Hoje, pela manhã, Bolsonaro justificou a apoiadores que falas acima do tom fazem o dólar disparar.
Contudo, reforça Santana, o ambiente externo favorável hoje pode permitir valorização do Ibovespa, assim como o crescimento acima do esperado das vendas do varejo do Brasil em julho. As vendas no conceito restrito subiram 1,2% ante junho, ficando acima da mediana (0,7%) do mercado. Já o ampliado cresceu 1,1%, também superando a mediana de -0,6%.
A melhora do consumo no País estimular alta de algumas ações do setor de consumo na Bolsa, assim como a valorização do petróleo no exterior impulsiona os papéis da Petrobras. Apesar do recuo de 0,42% do minério de ferro, no porto chinês de Qingdao, a US$ 129,71, as ações do setor e de siderúrgicas avançam.
Agradar aos investidores o telefonema feito ontem pelo presidente dos EUA, Joe Biden, ao líder chinês, Xi Jinping, em meio a uma crescente frustração do governo americano com a baixa produtividade das discussões entre times dos dois lados desde o início da gestão do democrata.
"Parece que não foi celebrado nenhum acordo, mas já é um bom sinal. Isso é bom para todo mundo", diz Santana, da Top. Ainda no exterior, o PPI dos EUA subiu 0,7% em agosto ante julho e núcleo avançou 0,6%, superando expectativas.
Além disso as ações da CSN reagem positivamente ao anúncio da companhia de que a CSN Cimentos, que concentra as operações de fabricação e comercialização de cimento do grupo, fechou contrato de compra e venda de ações para adquirir 100% das ações de emissão de LafargeHolcim (Brasil). O valor é de US$ 1,025 bilhão. CSN subia 2,51% às 10h46.