Economia

Aplicação na Rioforte não constava em relatório da PT

A polêmica em torno do calote tomado pela Portugal Telecom (PT) – que resultou na redução da fatia da tele portuguesa na “nova Oi”, a CorpCo – voltou à tona na imprensa portuguesa. O jornal Expresso informou, na quarta-feira, 13, que teve acesso a um relatório de auditoria interna da PT, apresentado ao Conselho de Administração da tele. Entre as conclusões, estaria a de que o presidente da Oi, Zeinal Bava, recebia quadros com informações sobre as aplicações financeiras da PT.

No entanto, o investimento em papéis comerciais da Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo (GES), não constava nos documentos. A tabela trazia esses investimentos como depósitos no Banco Espírito Santo (BES). Pelo material, não se consegue afirmar se Bava sabia dessas aplicações. A operadora brasileira já informou anteriormente que não foi comunicada do investimento.
Na prática, a ação ocultava a aplicação. O grupo é dono de 10,05% da Portugal Telecom. O detalhamento sobre os papéis da Rioforte passou a aparecer nos quadros no mês passado, quando o caso já tinha vindo à tona.

O jornal informou ainda que Henrique Granadeiro, executivo que renunciou recentemente ao cargo de presidente executivo da PT, não recebia esses quadros, mas teria confirmado que mandou o administrador financeiro da empresa comprar papéis comerciais do GÊS. O relatório é parte da investigação da PT sobre o investimento de 897 milhões em papéis da Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo. Outras auditorias são conduzidas pela PWC e pela CMVM, comissão de valores mobiliários portuguesa.

Por causa das dificuldades do GES, a tele portuguesa não recebeu o pagamento pela aplicação. Por isso, fez um acordo em julho para reduzir sua participação na “nova Oi” de 37,3% para 25,6%. O porcentual poderá ser recomposto em até seis anos. Mas, para isso, a PT precisa receber de volta o dinheiro investido na Rioforte.

O relatório da auditoria mostra que as aplicações em papéis comerciais do GES não foram aprovadas pela Comissão Executiva nem pelo Conselho de Administração. Mas os quadros resumos listavam os investimentos financeiros da PT e esses, historicamente, eram submetidos à Comissão Executiva. Os documentos não foram enviados à comissão, mas teriam sido entregues a Bava e a Luís Pacheco de Melo, diretor financeiro da PT. O Estado apurou que a equipe financeira da tele portuguesa também tinha acesso aos levantamentos.

Segundo o Expresso, o relatório aponta que a PT não queria comprar os papéis do GES em 2014, mas acabou convencida a fazê-lo. No fim de 2013, a PT tinha cerca de 750 milhões em papéis da Espírito Santo International, dona da Rioforte. A crise do GES já havia vindo à tona, embora sua gravidade só tenha ficado clara em 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Posso ajudar?