A proposta de implementar cotas para a rede pública foi considerada um avanço para especialistas ouvidos pelo Estado. Mas eles ressaltam que, sem outros mecanismos – como a reserva de vagas para pretos, pardos e indígenas (PPI) ou critérios de renda -, há risco de a medida beneficiar só uma elite da escola pública, principalmente em carreiras concorridas. Eles também destacam a importância de e uma política de apoio ao aluno, para evitar a evasão.
Especialista em ensino superior pela USP, Elizabeth Balbachevsky elogia, mas faz ressalvas. A mudança, diz, pode ter efeito menor do que o desejado entre os pobres. Colégios militares, técnicos e federais têm seleção rigorosa, o vestibulinho, e recebem alunos de classe média. “Ainda assim é um avanço por democratizar o acesso, principalmente, a algumas faculdades, como Medicina e Poli.”
Além disso, diz ela, a reserva de vaga pela cor da pele não é necessariamente uma boa saída. “A cota racial segrega pessoas iguais economicamente. Entendo e valido o argumento de que temos passado escravocrata e uma sociedade ainda fortemente discriminatória, mas essa divisão desprivilegia o aluno branco pobre e não o que estudou na escola particular.”
Já para o diretor do cursinho da Poli, Gilberto Alvarez, o melhor modo de garantir real inclusão é pela reserva racial. “O critério mais justo é como o que há nas federais, que reserva dentro das cotas para escola pública um porcentual para PPI”, diz.
E o reforço na política de assistência, acrescenta, é essencial. “Sem pensar em oferecer cursos noturnos, aumentar a moradia estudantil e dar bolsas, os alunos não vão concluir. O sucesso das cotas depende desse acompanhamento.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.