Economia

Após anúncio do PIB, Abramat diz esperar retração do mercado de materiais

A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) deve revisar para baixo sua expectativa de crescimento do setor em 2015 e já espera um resultado negativo para o ano, afirmou o presidente da entidade, Walter Cover. Após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) nacional de 2014, de 0,1%, ele revelou que, a partir do cálculo do volume de vendas em março, a projeção atual de estabilidade deverá ser reduzida.

De acordo com o Cover, a divisão de fornecimento de insumos pesados para construtoras deve cair cerca de 4% em 2015, pressionada pela desaceleração do mercado de construção civil e pela redução dos investimentos em infraestrutura. Para o varejo de materiais, por outro lado, a estimativa é de um crescimento entre 3% e 3,5%, devido ao cenário ainda resistente de renda, emprego e crédito.

Como pontos positivos para o ano, Cover lista a possível conclusão das investigações da Operação Lava Jato, que afetou as maiores empreiteiras do País. Além disso, a preferência dos consumidores por reformar suas casas, em vez de comprarem novos imóveis ou adquirirem carros e eletrodomésticos, pode impulsionar o comércio varejista, diz ele.

Embora o PIB de 2014 ainda não esteja tão detalhado, a Abramat estima que o mercado de materiais de construção pode ter recuado até 4,5% no ano passado. Em entrevista à reportagem, o presidente da associação destacou que o setor, acostumado a ter resultados superiores ao do PIB nacional, registrou em 2014 uma retração mais intensa do que a média do País.

Para o segmento varejista, a previsão é um pouco mais otimista. Cover acredita que o resultado do varejo tenha sido melhor do que o reportado pelo comércio como um todo, que registrou uma queda de 1,8% em 2014. De acordo com ele, os números ruins tanto em âmbito nacional como no setor de materiais já eram esperados.

A retração do mercado de materiais, de acordo com o engenheiro, só deve ser revertida a partir de 2016, com a aceleração por parte do governo das obras de infraestrutura e o fim dos efeitos dos preços administrados sobre a inflação. A desvalorização do real, ele destacou, também deve começar a surtir efeitos sobre a balança a partir do final de 2015, o que deve impulsionar os resultados de 2016. “Não será um crescimento de dois dígitos, mas vamos ter um resultado positivo”, disse.

O PIB nacional ficou praticamente estável em 2014 e cresceu apenas 0,1% em relação ao ano anterior, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação anual, a construção civil apresentou recuo de 2,6%.

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