Mascarados que participavam de um protesto contra a reestruturação da rede estadual de ensino paulista tentaram ontem derrubar o portão e invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, no Morumbi, zona sul de São Paulo. A polícia interveio com bombas de gás lacrimogêneo. Ninguém foi preso nem ficou ferido. O local também é a residência da família do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O grupo, formado principalmente por adolescentes, tentou entrar no local pelo portão 2, destinado a visitantes, por volta do meio-dia, quando a manifestação de professores foi oficialmente encerrada. A polícia revidou. Durante o confronto, uma viatura teve os vidros quebrados. A Casa Militar afirmou ter encontrado dois explosivos não detonados no prédio.
Os adolescentes, identificados por policiais como black blocs, subiram em um muro do Palácio, mas foram impedidos pelos policiais que atuam dentro da sede do governo. Enquanto isso, outros jovens atiraram pedras, garrafas, latas de cerveja e refrigerante e até rojões caseiros contra os PMs. Um dos manifestantes também tentou derrubar o portão com um tronco, sem sucesso. Outro, que conseguiu quebrar uma luminária de parede, atirou o objeto contra a grade.
Quando a primeira bomba de gás foi atirada, o grupo dispersou e saiu atirando mais pedras no entorno. As outras entradas estavam protegidas pela Tropa de Choque. Durante a fuga, PMs em motos intimidaram e afastaram parte dos black blocs. Uma viatura e um carro de luxo que passavam pela Avenida Morumbi foram apedrejados.
A Secretaria da Casa Civil do Estado de São Paulo, em nota oficial, repudiou a ação. “Após uma tentativa frustrada de invasão ao Palácio dos Bandeirantes, o grupo passou a depredar equipamentos públicos dos arredores e a arremessar pedras, rojões e bombas caseiras para o interior do prédio, gerando pânico entre os funcionários e as cerca de 70 crianças de quatro meses a 6 anos que ficam na creche do Palácio dos Bandeirantes”, destacou. Ainda não há um balanço dos prejuízos.
Protesto
As ações aconteceram quatro horas depois da concentração de uma manifestação de estudantes e professores no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste. O ato, organizado por movimentos estudantis, tinha como objetivo chamar a atenção para a reestruturação da rede paulista de ensino, anunciada em setembro pelo secretário de Educação, Herman Voorwald. A mudança fará com que as escolas tenham apenas um dos três ciclos possíveis (ensino fundamental 1, 2 e ensino médio). Alunos, pais e professores temem o fechamento de escolas, o que é negado pela Secretaria de Educação.
Os cerca de 3 mil manifestantes, de acordo com os organizadores, seguiram até o Palácio dos Bandeirantes pela Marginal do Pinheiros. Os estudantes começaram a caminhar às 10 horas e bloquearam três faixas da Avenida Brigadeiro Faria Lima. Depois, na Avenida Morumbi, o bloqueio aconteceu nos dois sentidos da via, que, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), registrou um quilômetro de congestionamento.
Os black blocs acompanharam todo o protesto, mas só agiram após o anúncio do fim do ato e da convocação de novo protesto contra a reestruturação para o dia 20.