Tudo caminhava para ser um “clássico família”, mas uma confusão na praça Charles Miller, na frente do estádio do Pacaembu, envolvendo torcidas organizadas do São Paulo depois da vitória por 2 a 0 do Palmeiras, acabou com o clima de paz da partida deste domingo. Houve confronto entre torcedores e policiais militares. A PM usou a cavalaria e bombas de efeito moral para dispersar os torcedores.
Cerca de dez minutos depois do fim da partida um grupo de torcedores chegou a voltar correndo para dentro do estádio para tentar fugir da confusão. O tumulto do lado de fora do Pacaembu durou cerca de 20 minutos.
Com 13.466 pagantes, o público do clássico foi pequeno, porém ficou acima do dobro da média de 6.310 torcedores do time tricolor no Campeonato Paulista. Não foram só os números e a briga com integrantes de organizadas depois do jogo que chamaram atenção, mas principalmente o perfil desses torcedores.
Com a mudança do horário da partida das 16h para as 11h devido às manifestações contrárias ao governo de Dilma Rousseff (PT), boa parte do público era formada por mulheres, crianças e idosos. Os protestos, inclusive, mexeram até no visual da torcida. Em meio às camisas com as cores preto, vermelho e branco, havia também nas arquibancadas muita gente vestindo amarelo, o símbolo das manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Também chamaram atenção algumas bandeiras do Brasil no meio da torcida.
O futebol apresentado pelas duas equipes, no entanto, foi pouco – ou quase nada – atrativo. De olho nos jogos que terão pela Copa Libertadores no meio da semana, São Paulo e Palmeiras pouparam alguns dos seus principais jogadores. Também resolveram economizar futebol.
Com exceção de alguns raros lances de efeito, o nível técnico da partida foi muito baixo. Se faltou qualidade, sobraram passes errados, bolas divididas e chutes tortos.
O primeiro tempo foi muito fraco. O São Paulo até que começou melhor. O time se postou no ataque e o Palmeiras tinha dificuldade para passar do meio de campo. Faltava ao time tricolor, porém, variação de jogadas. Somente Rogério é que levava algum perigo efetivo a Fernando Prass graças as suas jogadas individuais em velocidade.
O Palmeiras ficou 30 minutos sem dar nenhum chute no gol. Só melhorou depois que acertou a marcação e o São Paulo diminuiu o ritmo. Mesmo com ligeira vantagem tricolor, a partida fica mais equilibrada e, consequentemente, interessante ao torcedor.
Emoção e gols só no segundo tempo. As duas equipes deixaram de se preocupar tanto com a marcação e o jogo ficou mais “solto”. Edgardo Bauza mexeu no time e colocou em campo Calleri, Ganso e Centurión, mas as substituição surtiram pouco efeito prático. Melhor para o Palmeiras, que foi mais eficiente e soube aproveitar as chances que teve.
Aos 29, Allione armou o contra-ataque pela direita e tocou para Alecsandro, que avançou e cruzou para Dudu. O palmeirense se antecipou à marcação e bateu de primeiro no ângulo direito, sem chances para Denis.
O São Paulo não esboçou qualquer reação e o Palmeiras fez o segundo gol. Aos 42, Robinho recebeu de Allione na entrada da área e bateu forte de pé esquerdo o ângulo. Um golaço.
O triunfo levou o Palmeiras aos 15 pontos e à liderança do Grupo B do Estadual. O São Paulo estacionou nos 13 e caiu para o segundo posto do Grupo C, atrás somente da Ferroviária.
FICHA TÉCNICA:
SÃO PAULO 0 x 2 PALMEIRAS
SÃO PAULO – Denis; Mateus Caramelo, Rodrigo Caio, Maicon e Carlinhos; Hudson, João Schmidt, Daniel (Paulo Henrique Ganso) e Michel Bastos; Rogério (Centurión) e Alan Kardec (Calleri). Técnico: Edgardo Bauza.
PALMEIRAS – Fernando Prass; Lucas (João Pedro), Edu Dracena (Thiago Martins), Vitor Hugo e Zé Roberto; Matheus Sales, Arouca, Robinho e Allione; Dudu (Gabriel Jesus) e Alecsandro. Técnico: Alberto Valentim.
GOLS – Dudu, aos 29, e Robinho, aos 41 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Hudson, Bruno, Maicon (São Paulo); Edu Dracena, Mateus Sales (Palmeiras).
ÁRBITRO – Raphael Claus.
RENDA – R$ 495.978,00.
PÚBLICO – 13.466 pagantes.
LOCAL – Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP).