Um dia após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que manteve a taxa Selic em 14,25% ao ano, o mercado futuro de juros ajustou nesta quinta-feira, 22, as taxas para baixo nos vencimentos curtos e intermediários e as manteve próximas da estabilidade nos mais longos. Com o noticiário político um pouco mais brando, o mercado futuro refletiu essencialmente a melhora do humor no mercado internacional, que contribuiu para a queda do dólar durante quase todo o dia.
A expectativa de adoção de estímulos econômicos na Europa beneficiou preços de commodities, valorizou moedas de países emergentes, o que justifica em boa parte o desempenho do real, e os juros dos títulos americanos. A origem do bom humor foi o discurso do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. Ele afirmou que a recuperação econômica e a inflação da Europa provavelmente foram atingidas pela desaceleração do crescimento de mercados emergentes. “Neste contexto, o grau de acomodação da política monetária precisará ser reexaminado na reunião de dezembro, quando as novas projeções da equipe do sistema do euro estarão disponíveis”, disse. O discurso do presidente do BCE foi interpretado como uma sinalização de adoção de estímulos à economia na zona do euro.
O cenário político não teve interferência direta sobre os negócios, embora tenha permanecido no radar dos investidores. É esperada para amanhã uma decisão da equipe econômica do governo sobre uma possível revisão para baixo da meta fiscal para 2015, levando em consideração um déficit de aproximadamente R$ 57 bilhões. O ponto crucial nas discussões é a regularização das questão das pedaladas fiscais de 2014. O grande temor – no governo e no mercado – é que um aumento no rombo das contas públicas antecipe um novo rebaixamento da classificação de risco do País.
Em reunião periódica terminada ontem, o Copom manteve a taxa Selic em 14,25% ao ano, conforme as previsões do mercado. No entanto, o comunicado sinaliza que a meta de 4,5% de inflação foi postergada para 2017. A sinalização trouxe algum alívio à ponta mais longa da curva de juros, embora outros fatores de desconfiança justifiquem a manutenção dos prêmios de risco.
Nos negócios na BM&FBovespa, o Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2016 fechou com taxa de 14,925%, contra 15,14% do ajuste de quarta-feira. O DI para janeiro de 2017, o mais negociado, teve taxa de 15,27%, frente aos 15,44% do ajuste anterior. O DI para janeiro de 2021 ficou com 15,84%, muito próximo dos 15,83% do ajuste anterior.