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Após estourar no programa de David Letterman, Future Islands anuncia show em SP

Dias antes de subirem ao palco do programa Late Show with David Letterman, os integrantes da banda Future Islands foram aconselhados pelo empresário e pela gravadora a manter suas expectativas baixas. Era a estreia do grupo de Baltimore, nos Estados Unidos, em uma rede de televisão aberta (a CBS), com um acordo recém-assinado com uma gravadora (a 4AD), e o quarto álbum deles (Singles) seria lançado 21 dias depois, em março de 2014.

São poucas as vezes na vida em que é possível testemunhar um desses momentos de transformação. Mas foi o que houve com o grupo formado por Samuel T. Herring (voz), Gerrit Welmers (teclado) e William Cashion (guitarra) – desde aquela época, Michael Lowry acompanha o grupo na bateria durante as performances ao vivo. E o resultado está disponível no YouTube.

Foram pouco mais de 4 minutos em um dos principais programas de entrevistas do mundo. Pequeninos e independentes, eles fizeram a apresentação das suas vidas. A performance de Samuel T. Herring, normalmente de voz doce, ganhou contornos guturais, grunhidos de desamor embalados por passos de dança de fazer inveja a Thom Yorke (uma referência quando o assunto é uma dancinha esquisita).

Letterman não esperava por essa. “Ô, meu amigo! Incrível! O que dizer sobre isso? Você entregou tudo o que tinha. Foi maravilhoso!”, disse o experiente apresentador, com um sorriso de uma orelha a outra. “Todos falavam para não nos animarmos demais, mas nós não tínhamos nada a perder”, diz Samuel, quatro anos após aquela noite de 3 de março de 2014, enquanto caminha pelas ruas de Los Angeles, para “fugir do frio de Baltimore”, como ele brinca. “O interessante é que as pessoas responderam muito bem àquela performance. Elas que transformaram a apresentação em um grande momento para nós. O vídeo circulou o mundo. Acho que funcionou por causa da emoção mostrada ali. Foi surpreendente para as pessoas.”

De fato, foi. Nem o Future Islands poderia esperar pela repercussão causada por aquela apresentação – muito menos Letterman. A música tocada naquela noite, Seasons (Waiting on You), foi parar na parada de músicas mais tocadas dos Estados Unidos – na lista geral, dominada pela música pop -, um feito raro para uma banda de médio porte.
Agora, com um novo disco na bagagem, chamado The Far Field, lançado no ano passado, o Future Islands celebra um outro momento depois do estouro. E eles voltam para a América Latina – e para o Brasil – pela primeira vez desde o debute na TV aberta. A última passagem por aqui se deu em uma festa fechada de uma marca de tênis no Woodstock Bar, no Itaim. Agora, eles estrelam – e anunciam ao jornal “O Estado de S. Palo”, com exclusividade – que se apresentam no Balaclava Fest, no dia 13 de maio, com ingressos de R$ 90 a R$ 340, vendidos a partir desta quarta-feira, 7. Mais atrações do festival serão anunciadas em breve.

“Para nós, é uma espécie de novo início (da relação com o público em São Paulo)”, diz o vocalista, que, pasmem, também é rapper. “Nós somos uma banda feita para os palcos. E, desde então, fizemos muito mais shows.” Foram, pelo menos, 550 apresentações desde aquela passagem pela cidade. “A conexão que se faz no palco é inigualável”, avalia.
O disco The Far Field foi erguido depois do salto dado pelo Future Islands, e a banda tentou se desligar das pressões externas para que o álbum cumprisse as expectativas criadas em torno da banda. “Tentamos fazer um disco como fizemos Singles (o antecessor)”, explica Herring. “E acho que é um disco simples, bonito e cheio temas ligados ao coração.” E é verdade: o Future Islands sabe levar seu synthpop para temas densos, que envolvem uma dúzia de corações partidos.

Depois do “momento Letterman”, a banda foi perfilada por grandes veículos, como The New York Times e Rolling Stone. “As pessoas se mostraram surpresas com a nossa apresentação, mas já estamos há algum tempo nessa rota”, ele explica. “E acho que foi ótimo isso ter acontecido somente cinco anos após o início da banda. Talvez, se fosse antes, não estávamos preparados para essa mudança. Naquele momento, sabíamos exatamente o que fazer.” A pergunta mais comum que ouviram desde 2014 é: “Como não conhecia vocês antes?”. E o que Herring responde? “Eu não sei explicar. Só sei que trabalhamos bastante duro para que fôssemos escutados.”

FUTURE ISLANDS
Balaclava Fest. Tropical Butantã.
Av. Valdemar Ferreira, 93,
Butantã, tel: 3031-0393. Dia 13 de maio, a partir das 16h (portões).
R$ 90 a R$ 340
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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