Dos 42 brasileiros que disputaram o Mundial de Atletismo de Pequim, só um, João Vitor Oliveira, dos 110m com barreiras, obteve o melhor resultado da carreira. Outros cinco tiveram na China o melhor desempenho deles na temporada. O resto, nem isso. O fracasso na competição e também nos Jogos Pan-Americanos de Toronto exigiu ações da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que agora tenta evitar que o cenário se repita nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
Para isso, a entidade cobrou que cada atleta classificado para a Olimpíada (já são 49 credenciais garantidas, contando revezamentos) enviasse um planejamento detalhado do que fará até agosto de 2016, estipulando metas de marcas em março, maio, junho e nos Jogos do Rio. A CBAt quer que cada brasileiro, partindo do índice, melhore seus resultados três vezes ao longo da próxima temporada e deixe para chegar ao ápice na Olimpíada.
“Vou cobrar melhora da performance. Todos apresentaram uma planilha com as metas de atingimento de marca. Eu já tenho uma planilha para cada um desses momentos. Quando chegar em março, vou verificar se o atleta cumpriu a meta para mantermos o apoio financeiro a ele”, conta Antonio Carlos Gomes, superintendente de alto rendimento da CBAt.
Nos últimos anos, a CBAt adotou índices mais fortes do que os exigidos internacionalmente pela IAAF para a Olimpíada. Como os Jogos de 2016 serão em casa, a CBAt entende que é importante ter o máximo de brasileiros possíveis participando e, por isso, relaxou os índices. Ela já havia feito isso no Mundial de Pequim e os efeitos práticos não foram nada bons.
Por isso, quem tiver índice vai disputar a Olimpíada normalmente, mas só continuará a receber o melhor suporte possível da CBAt quem demonstrar evolução ao longo da temporada. “Eles têm apoio nos seus estados, nos municípios, nos clubes, campings internacionais, ajuda de custo para esses campings, todo o staff possível, equipamento. Estamos dando total cobertura para eles. Não estamos poupando nada”, garante Marco Antônio. O programa, uma parceria entre CBAt e COB, deverá custar até R$ 4 milhões até a Olimpíada.
Individualmente os atletas têm metas a cumprir, mas a CBAt prefere não traçar uma meta numérica para o atletismo brasileiro na Olimpíada. Dois dos objetivos são bastante modestos: aumentar número de participantes (o que será atingido graças ao relaxamento dos índices) e de finais (foram apenas três em Londres-2012). A terceira meta é “ganhar medalha”, depois de passar em branco em Londres.
A palavra adotada pela entidade é “prognóstico”. O número de finalistas, pelo que apontam os estudos da CBAt, é de 10 a 11. “Estamos trabalhando para aumentar o número de finais. Eu estou percebendo na preparação dos caras que deveremos atingir isso. Chegar a mais finais é um passo do processo para ganhar mais medalhas”, explica Marco Antônio.
Até agora, cerca de metade dos atletas classificados ao Rio-2016 apresentou seu plano de metas à CBAt. Fabiana Murer, por exemplo, disse que pretende saltar 4,90m, o que a colocaria como favorita ao ouro em qualquer competição. Ana Cláudia Lemos sonha com 10s95, que a poria na final dos 100m. Augusto Dutra, com os 5,90m que valeram o título mundial na vara a Shawnacy Barber este ano.
Aldemir Junior traçou fazer 20s00 nos 200m, também para ser finalista – seria quinto no Mundial deste ano. Duda foi mais longe e, se saltar os 8,50m que planejou, ganha o ouro olímpico com folga. O problema é que ele não passou de 8,03m este ano e nem tem índice para o Rio.