Internacional

Após grandes manifestações na Alemanha e Argentina, G-20 do Japão foi zen

Após duas edições com grandes manifestações populares contrárias à sua realização, a reunião de cúpula do grupo das 20 maiores economias do globo, o G-20, no Japão, foi “zen”. Assim como é comum em eventos de grande porte e que reúnem uma grande quantidade de líderes de governo, Osaka não dispensou a colaboração de policiais extras na cidade. De norte a sul do arquipélago japonês foram enviados oficiais, totalizando uma força de 32 mil homens, maior até do que os 23 mil convocados para fornecer segurança ao G-7, realizado em 2016 em Ise.

Grupos grandes de policiais de outras cidades precisaram ser acomodados em hotéis de Osaka. Um deles se instalou justamente no que estava hospedada a reportagem do Broadcast. “Estou longe da minha família, mas estou muito feliz de prestar um serviço importante para o meu país durante um evento tão grande”, relatou um dos poucos que sabiam falar inglês, mas que pediu para não ser identificado. Ele veio de Tanabe (Wakayama), a cerca de 150 quilômetros de Osaka.

Logo ao chegar ao aeroporto e nos jornais eram vistas claramente medidas tomadas pela prefeitura para manter todos os cerca de 30 mil participantes seguros. Foram retiradas latas de lixo – já usadas no passado em atentados terroristas -, mudanças no trânsito e cancelamento do serviço de armários nas estações de trem e metrô. O pedido do governo local era de que moradores evitassem usar seus carros, dessem preferência ao transporte público e que não saíssem de suas casas sem motivos desnecessários durante o evento, realizado na sexta e no sábado. Escolas municipais e da região também foram fechadas na quinta e sexta-feira.

Sem sexo – Uma curiosidade é que pela primeira vez desde 1989, quando o Imperador Hirohito morreu, o distrito da luz vermelha de Tobitashinchi deixou de funcionar de forma espontânea. As conhecidas vitrines que exibem profissionais do sexo e que já se tornaram uma atração turística, assim como em Amsterdã, na Holanda, foram cobertas por uma cortina branca durante a cúpula do G-20 durante ontem e anteontem. As 159 empresas afiliadas à associação cooperativa Tobitashinchi Ryori Kumiai suspenderam as operações nos dois dias e distribuíram cartazes nas ruas do distrito: “Fechado temporariamente em 28 de junho e 29 de junho devido à Cúpula do G-20 de Osaka em 2019” e “Vamos fazer com que juntos sejamos bem sucedidos”. O objetivo do setor foi o de colaborar com o trabalho da polícia.

Apesar de grande – Osaka conta com 2,5 milhões de habitantes -, suas ruas estavam relativamente vazias desde o início do evento. Também não foram vistos protestos nas cercanias do Intex, onde foi realizada a reunião, num cenário bem diferente do das duas reuniões anteriores do G-20. No ano passado, milhares de argentinos protestaram em Buenos Aires contra o G-20 e o Fundo Monetário Internacional (FMI), um participante permanente das cúpulas. Muitas manifestações eram direcionadas ao presidente local, Mauricio Macri, e ao americano, Donald Trump. A cidade contou com 22 mil policiais para fazer a segurança.

Os protestos portenhos foram grandes, mas pacíficos e sem acidentes. O cenário foi um pouco mais conturbado, no entanto, um ano antes, quando a reunião foi feita em Hamburgo. Na cidade, manifestantes entraram em choque com policiais e mais de 150 pessoas ficaram feridas – 70 foram detidas. A violência foi vista em vários pontos da cidade e a segurança reagiu com jatos de água, polícia montada e chegou a usar sua estratégia de “chaleira de Hamburgo” para conter pessoas que passaram a atacar os soldados com garrafas, fogos de artifício e outros objetos. A tática consiste em isolar manifestantes por horas sem acesso a comida ou banheiro para evitar mobilização e depredação e foi usada pela primeira vez na cidade em 1986, mas sofre muitas críticas de órgãos humanitários.

A movimentação chegou a impedir o então presidente Michel Temer de passar pelo seu hotel para se arrumar para assistir a uma apresentação na Filarmônica de Hamburgo. A orientação dada ao cerimonial da Presidência foi a de que ele se locomovesse diretamente para o evento social organizado pelo G-20 aos líderes. O metrô foi fechado e várias pessoas acabaram tendo que permanecer encurraladas entre os manifestantes e a força de segurança, inclusive a reportagem do Broadcast que estava no local.

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