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Após quebra, empresária de Cumbica renasce em meio à pandemia

Quem visita hoje a sede da Patchii Embalagens, em Guarulhos, na Grande SP, vê dezenas de funcionários e produção a todo vapor. No comando, três mulheres: a empresária Carla Araújo, de 44 anos, e as filhas Vitória e Byanca, de 19 e 16, respectivamente.

Mas o cenário era bem diferente há pouco mais de um ano. A pandemia, que vitimou tantas vidas e empresas mundo afora, acertou em cheio a Patchii. “A Páscoa sempre foi a melhor data do ano para a fábrica. Mas, em abril de 2020, tivemos o pior resultado de nossa história”, relembra Carla.

Com a produção encalhada, a empresa quebrou. “Só mantivemos três funcionários: uma gestante e dois recém-contratados, que não conseguiriam receber o seguro desemprego. Mandamos embora todos os demais colaboradores”.

Renascimento com a força da família

Como se não bastassem as dificuldades causadas pela pandemia, Carla enfrentou outro obstáculo: problemas de saúde levaram a empresária para a mesa de cirurgia nada menos do que cinco vezes em apenas três anos.

“Foi durante um de meus afastamentos para cuidar da minha saúde que surgiram dois motivos que fariam a Patchii renascer meses depois”, aponta Carla. Ela tinha desenvolvido uma caixa para embalar bolos altos e apresentaria o novo produto em uma feira do setor de panificação.

O marido Célio Luis e a filha mais velha – então com 18 anos – assumiram o estande, mostrando a força da união familiar na manutenção do negócio.

“E foi justamente a promissora caixa para bolos que iniciou a nossa retomada após termos quebrado durante a pandemia”, explica Vitória. “Creio que, por conta das exigências mais rígidas impostas pela pandemia, houve uma procura grande por esses produtos. A gente estava arrumando as gavetas depois de demitir quase todo mundo e o telefone começou a tocar sem parar”.

Carla precisou recontratar mão de obra e a produção não parou de crescer. “Antes da pandemia, nosso faturamento médio mensal, sem contar com sazonalidades, era de cerca de R$ 180 mil. Hoje, passou para cerca de R$ 400 mil”, afirma Vitória, que começou a atuar no setor comercial da empresa assim que ela reabriu, em maio do ano passado.

Caçula

Carla nunca teve medo de enfrentar obstáculos para empreender. Sempre foi independente, o que nunca impediu de ajudar e ser ajudada pela família. Em 2002, encarou o desafio de auxiliar a irmã, que chegava do Exterior e montara uma loja de embalagens e artigos para festas. Mesmo sem salário no começo, assumiu diversas responsabilidades no negócio.

No setor de compras, teve trabalho para encontrar uma embalagem específica de balas, que estava escassa no mercado. Enxergou uma oportunidade e, com a ajuda do marido – que tinha a própria profissão, mas estava desempregado na ocasião –, começou a fabricar o insumo. Era o início da Patchii (termo que remete à palavra “festa” no idioma japonês).

A empresa começou em um pequeno espaço sobre a residência da família. Com o tempo foi necessário adquirir um galpão de 250 m2, que logo ficou pequeno. “Descobrimos isso por acaso. Comprei uma impressora que não cabia no imóvel anterior e precisamos fazer uma mudança urgente”. Eles passaram para um espaço de 700 m2 e, hoje, ocupam um de 1.200 m2, na região de Cumbica.

Com a derrocada no início da pandemia e os problemas de saúde, a participação de Vitória foi se tornando fundamental. Mas, no início de 2021, uma decisão importante consolidaria de vez o renascimento da empresa. “Minha irmã começou a ajudar em algumas coisas, principalmente na divulgação pela internet. Ela tinha apenas 15 anos, mas demonstrava iniciativa”, diz Vitória, sobre a caçula Byanca.

Em uma conversa franca e madura – pouco comum em garotas jovens como elas – Vitória e Byanca decidiram que assumiriam de vez a empresa da mãe, que se recupera bem. “Eu estou na ativa, mas, ainda que me afastasse por mais tempo, elas assumiriam. Se mostraram verdadeiras empreendedoras”, completa Carla.

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