O número de empresas brasileiras exportadoras deve continuar a crescer neste ano, na opinião o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do Brasil (MDIC), Abrão Miguel Árabe Neto. No ano passado, o País já bateu recorde, com crescimento de 10% em relação a 2015, em um ano impulsionado pela fraca demanda interna em decorrência da crise política e econômica.
“A retração da demanda interna fez com que o mercado externo fosse mais importante ainda. Agora, no comércio exterior, é necessário que se tenha uma manutenção, uma regularidade. A expectativa é que o número de empresas brasileiras exportadoras cresça em 2017 e é o que tem acontecido nas exportações”, explicou Árabe Neto, em entrevista a jornalistas, durante o XVI Encontro Santander América Latina, evento organizado pelo banco na capital espanhola.
De janeiro a junho, a balança teve superávit de US$ 36,219 bilhões, o melhor resultado para o período da série histórica, com aumento de 53,1%. Considerando apenas exportações, o montante chegou a US$ 107,714 bilhões, alta de 19,3%, na mesma base de comparação. As importações alcançaram US$ 71,495 bilhões, crescimento de 7,3%.
O secretário classificou como “saudável” o crescimento das exportações no primeiro semestre e reforçou que a expansão foi vista em todas as categorias de produtos, tais como básicos, de produtos agrícolas, semifaturados e faturados. “As exportações de automóveis cresceram mais de 50% no primeiro semestre em relação a igual período do ano passado. Isso mostra um dinamismo”, avaliou ele.
Árabe Neto reforçou que a expectativa é de um saldo recorde neste ano. Tanto é que o governo revisou para cima a expectativa para o superávit na balança deste ano de US$ 55 bilhões para US$ 60 bilhões. Se confirmado, esse será o maior resultado positivo da história. O recorde anterior foi registrado no ano passado, quando a balança teve superávit de US$ 47 bilhões. À medida que a economia tenha mais fôlego, de acordo com o secretário, a expectativa é que as exportações do Brasil aumentem.
Burocracia
Do lado da necessidade de reduzir a burocracia e tornar o segmento mais eficiente, o secretário destacou que o Programa Portal Único de Comércio Exterior, nova iniciativa do governo brasileiro para reformular os processos de importação, exportação e trânsito aduaneiro, deve atuar em paralelo ao atual até a metade do ano que vem. Segundo Árabe Neto, 30% das exportações já foram abrangidas e até o final deste ano todas estarão contempladas. Já do lado das importações, a data esperada é 2018.
Trata-se da principal iniciativa de facilitação do comércio no Brasil, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Estudo da FGV citado pelo secretário sinaliza que o Programa deve proporcionar um incremento adicional de 6% a 7% ao ano nas exportações. Além disso, de acordo com a mesma pesquisa, a projeção é de crescimento de quase US$ 24 bilhões no comércio exterior no primeiro ano de vigência do acordo, equivalente a uma expansão adicional de 1,5% no produto interno bruto brasileiro (PIB) e US$ 74,9 bilhões em 14 anos, correspondente a uma alta de cerca de 2,5% no PIB local.
*A repórter viajou a convite do Santander Brasil